Marcelo Rebelo de Sousa dissolveu a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira e convocou eleições legislativas regionais para o dia 26 de maio. Na reação ao anúncio feito ao início da noite, Roberto Almada considerou a decisão "acertadíssima", pois o Presidente "não podia tomar outra", sobretudo "depois de ter feito o que fez ao Governo da República, que tinha maioria absoluta. Aceitou a demissão [de António Costa] e não aceitou o outro candidato a primeiro-ministro".
O deputado bloquista na Madeira insistiu que Miguel Albuequerque "não tem condições para continuar ao leme dos destinos da região, pelo menos sem o veredicto popular", dado que apesar de ser arguido e não ter sido condenado, "a verdade é que os factos de que é suspeito são muito graves: é corrupção e são outros crimes que são de extrema gravidade", concluiu Roberto Almada, citado pela agência Lusa.
Roberto Almada acusa Albuquerque de abrir a porta à extrema-direita.
“Entendemos que deve haver uma clarificação, iniciar um novo parlamento de onde emane um novo Governo [Regional]. Só assim teríamos relegitimado o poder na Assembleia Legislativa e o poder do Governo Regional da Madeira”, afirmou o deputado bloquista na Assembleia Legislativa Regional da Madeira à saída do encontro no Palácio de Belém na manhã de quarta-feira.
Para Roberto Almada, que reuniu com Marcelo Rebelo de Sousa acompanhado pela deputada Marisa Matias, a situação política atual na Madeira “tem alguma gravidade” na medida em que "há um recandidato às próximas eleições que é suspeito de vários crimes graves”. Trata-se de Miguel Albuquerque, o presidente do governo demissionário, constituído arguido no processo sobre corrupção e que voltou atrás na decisão tomada logo após as buscas à sua residência e às instalações do Governo Regional. Ao ver os outros arguidos saírem do tribunal apenas com medidas de coação pouco gravosas e o juiz de instrução a duvidar das acusações que sobre eles recaíam, Albuquerque decidiu voltar a candidatar-se à liderança do PSD/Madeira, vencendo a eleição por algumas centenas de votos de diferença em relação ao adversário.
Esta será a primeira vez na história da democracia portuguesa em que um candidato constituído arguido por suspeitas de corrupção no exercício do cargo de chefe de Governo se candidata a eleições para ser reconduzido nesse mesmo cargo.
“Naturalmente que, se a opção do senhor Presidente da República for convocar eleições, o povo madeirense terá oportunidade de se pronunciar sobre tudo isso”, sublinhou Roberto Almada.
O deputado bloquista madeirense comentou ainda as últimas declarações de Albuquerque, que agora se recusa a traçar linhas vermelhas em relação a aproximações ao Chega, abrindo assim, "a porta à extrema-direita".
“Nós consideramos que isso iria ser um risco muito grande para a democracia, para a autonomia da Madeira, para a Madeira e para os madeirenses, mas cá está o Bloco para lutar politicamente contra as ideias de direita. Esse debate far-se-á e o Bloco fará esse combate”, prometeu Roberto Almada.
Notícia atualizada às 23h20 com a reação á convocação de eleições