Altas taxas de juro dão à CGD lucro histórico de 1.291 milhões de euros

15 de março 2024 - 20:35

Lucro amealhado pela Caixa Geral de Depósitos em 2023 cresceu 53% face ao ano anterior. Banco vai entregar ao Estado, seu único acionista, 525 milhões de euros em dividendos.

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Foto de Paulete Matos.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou esta sexta-feira ter alcançado um resultado líquido de 1.291 milhões de euros em 2023. Este montante representa um aumento de 53% quando comparado com os lucros de 843 milhões registados no ano anterior.

Estes são os maiores resultados da história do banco público. Acresce que, tal como assinala o jornal Público, os lucros anuais acumulados desde 2017 já ultrapassam os prejuízos registados durante a última crise financeira.

Conforme explica a CGD, a par da “melhoria da qualidade dos ativos e dos resultados alcançados ao nível do controlo de custos”, na origem do lucro histórico amealhado está a evolução da margem financeira, ou seja a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos, que mais do duplicou em termos homólogos, à boleia da escalada das taxas de juro. Entre janeiro e dezembro do ano passado, a margem permitiu à CGD encaixar 2.860 milhões de euros.

Este montante foi mais do que suficiente para compensar a descida de 4,4% nas receitas obtidas mediante serviços e comissões, num total de 723 milhões de euros, bem como a queda de 20,6% dos resultados de operações financeiras, que se fixaram em 171,6 milhões de euros.

A Caixa registou uma diminuição dos seus custos na ordem dos 15%, para 1.020 milhões de euros, devido, principalmente, à descida dos custos com pessoal. A esse respeito, é de referir que a CGD tinha 6.243 trabalhadores em Portugal no final de 2023, menos 270 pessoas do que no ano anterior.

O produto global da atividade do banco público cresceu 55%, ascendendo a 3.603 milhões de euros no ano passado.

Já no que concerne ao lado comercial, a carteira de crédito a clientes total diminui 0,7%, fixando-se em 52.658 milhões de euros em 2023. Esta quebra deve-se ao crédito à habitação, cuja carteira recuou em 1,7% , num total de 24.586 milhões. Já o crédito a empresas subiu em 0,7%, totalizando 19.664 milhões de euros, enquanto o crédito ao consumo cresceu 7,5%, ascendendo a 1.102 milhões de euros.

Os depósitos de clientes caíram 4% e totalizaram 80.518 milhões de euros no ano passado, mas a CGD desvaloriza esta queda, avançando que se verificou uma tendência de recuperação no segundo semestre do ano, "com um aumento de cerca de 1.400 milhões de euros".

Os resultados alcançados pela CGD vão permitir ao banco público desembolsar ao Estado um valor idêntico de 1.250 milhões de euros, dos quais 525 milhões em dividendos, 529 milhões em impostos e 204 milhões de custos de supervisão.

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