A coordenadora do Bloco de Esquerda foi questionada pelos jornalistas no final de um encontro com a direção da Fenprof sobre as buscas judiciais efetuadas ao presidente d Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, e ao seu antigo braço direito que lidera a autarquia do Funchal, Pedro Calado - que acabou detido juntamente com o do líder do grupo AFA, Avelino Farinha, e Caldeira Costa, líder da sucursal bracarense deste grupo económico do arquipélago.
Mariana Mortágua reagiu sem surpresa às buscas e detenções por causa de negócios suspeitos de corrupção entre o Governo e grupos económicos da região. "Existe na Madeira um regime liderado pela direita que tem um conluio com interesses privados. Que protege e favorece empresas específicas que ganham os negócios da Madeira, que vivem à conta do empobrecimento da Madeira e à conta do Estado", afirmou.
"É o grupo Avelino Faria, é o grupo Pestana. E esses negócios tem sido denunciados pelo Bloco de Esquerda um por um: o contrato do teleférico do Curral das freiras, a concessão da praia Formosa, as negociatas imobiliárias feitas por grupos privados e protegidas pelo governo da Madeira em regime de maioria absoluta agora com apoio do PAN", prosseguiu Mariana Mortágua, que também não vê novidade na investigação à forma como o governo do PSD/Madeira condiciona a comunicação social na Região. Isso "só não sabe quem não fez campanha na Madeira, quem não faz política todos os dias na Madeira", ironizou.
Para a coordenadora do Bloco, "Miguel Albuquerque é o responsável político deste regime de favorecimento a negociatas privadas e não tem condições para se manter à frente do Governo Regional".
"Sempre os denunciámos pelo seu nome", afirmou Mariana Mortágua, lembrando que "não foi por acaso que na campanha fomos à praia Formosa denunciar o que lá se estava a passar".
Mas nem é preciso recuar uns meses até à campanha para as legislativas regionais. Ainda no fim de semana passado, Mariana Mortágua esteve na Convenção Regional do Bloco/madeira e voltou a falar do contrato do teleférico do Curral das Freiras. "Este regime de favores e promiscuidade é conhecido de quem quiser saber. E o Bloco quis saber sempre e denunciou sempre", afirmou.
Os jornalistas quiseram saber se estes escândalos de promiscuidade e corrupção não favorecem a extrema-direita. Mas Mariana Mortágua discorda: "O Chega é um partido financiado por interesses económicos, grandes fortunas, pelo imobiliário e grupos de construção. É exatamente o mesmo tipo de relação de promiscuidade que depois origina estes negócios do Governo Regional da Madeira", apontou, contrapondo que "na Madeira há um partido que sempre denunciou estas negociatas. Esse partido tem um nome: é o Bloco de Esquerda".