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Administradores das petrolíferas vão ao Congresso dos EUA explicar desinformação climática

Há muito que os estudos das empresas mostravam os efeitos das alterações climática mas, para além de encobrir estas informações, as petrolíferas investiram na desinformação para colocar em causa a ciência. Depois de vários processos de cidades e estados dos EUA, o caso está no Congresso.
Exxon. Foto de Thomas Hawk/Flickr.
Exxon. Foto de Thomas Hawk/Flickr.

No próximo dia 8 de fevereiro, alguns membros das administrações da Exxon, Shell, Chevron e BP deverão comparecer no Congresso dos EUA. Em causa, mais uma vez, estará o papel das suas empresas na atual crise climática e na divulgação de desinformação sobre ela.

A investigação surgiu depois de várias cidades e estados norte-americanos começarem a processar estas empresas devido às consequências das alterações climáticas nos seus territórios. Alguns CEOs das petrolíferas foram já ouvidos em outubro passado no âmbito destas audiências. E foram confrontados com as campanhas de desinformação sobre alterações climáticas, comparadas com aquelas concebidas pelas empresas tabaqueiras anteriormente.

O conhecimento dos “efeitos ambientais dramáticos” e do “grande e urgente” problema causado por elas não é de hoje. Estas expressões constam, aliás, de um estudo da Exxon de 1979. Outro exemplo é o da Shell: já em 1958 um dos seus executivos, Charles Jones, apresentara um estudo sobre as consequências do aumento de emissões de carbono, sobretudo por causa do tráfego automóvel. Depois disso, são conhecidos planos, sobretudo os da Exxon, para colocar em causa os factos sobre alterações climáticas. Chegaram ao ponto de colocar anúncios nos principais jornais norte-americanos, como o New York Times, em 2002, para tentar provar que os cientistas estavam divididos sobre a questão climática.

Os responsáveis das petrolíferas foram ao Congresso norte-americano negar o encobrimento. Darren Woods, o CEO da Exxon, manteve a sua posição mesmo depois de ter sido confrontado por Carolyn Maloney, a presidente do comité, com declarações e documentos em sentido contrário: “há um conflito claro entre o que o CEO da Exxon disse ao público e aquilo para o qual cientistas da Exxon vinham alertando em privado desde há anos”, afirmou então a democrata. À baila vieram também os 100 milhões de dólares que as empresas dos combustíveis fósseis gastaram a fazer lóbi em 2020.

Agora será a vez de membros das administrações que prometeram ação climática no interior destas empresas serem ouvidos. O Comité quer confrontá-los com a falta de ação apesar das promessas de diminuição de emissão de gases poluentes e de mais investimento em energias “limpas”. Entre eles estarão Alexander Karsner, do fundo de investimento Engine No1, que tem três lugares na administração da Exxon, e Susan Avery, cientista e ex-presidente da Woods Hole Oceanographic Institution, que se tornou perita climática na mesma empresa a partir de 2017.

As petrolíferas prometem “zero emissões” a partir de 2050 e dizem que o que estão a fazer está conforme aos acordos climáticos de Paris. Mas os membros do painel de investigação não estão convencidos destas intenções e sublinham que estes planos dizem respeito às operações internas das empresas, omitindo as emissões causadas pelos consumidores ao queimarem os combustíveis fósseis que elas produzem.

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