Na sua declaração aos açorianos esta sexta-feira, o líder do Governo Regional dos Açores transmitiu a posição deixada na véspera em Belém de que não irá apresentar uma segunda proposta de Orçamento, preferindo a convocação de eleições antecipadas. José Manuel Bolieiro começou por dizer que "o Parlamento Regional, através de uma maioria relativa dos seus Deputados, do PS, do Bloco de Esquerda e da Iniciativa Liberal, rejeitou o Plano e o Orçamento para 2024". Sem uma palavra sobre as razões para ter perdido a maioria que lhe aprovou os Orçamentos anteriores, preferiu queixar-se que "ficámos impedidos de trabalhar no tempo todo da legislatura, como devia ser, apesar da nossa vontade de trabalhar" e terminou a garantir que ele próprio é o "referencial de estabilidade nesta governação e na política açoriana".
À frente das listas do PSD nas eleições regionais de 2020, Bolieiro ficou em segundo lugar e com menos quatro deputados que o PS. Em seguida formou uma aliança com o CDS e o PPM para integrarem um Governo viabilizado no Parlamento através de acordos com o Chega e a Iniciativa Liberal. A fragilidade desta maioria ficou mais evidente com o passar dos meses, com estes acordos a serem rompidos, resultando no chumbo do Orçamento para 2024.
O coordenador bloquista açoriano António Lima reagiu nas redes sociais à declaração de Bolieiro, classificando-a de "mais um ato inútil, como se revelou o tal segundo orçamento que nunca verá a luz do dia".
"Bolieiro quis mais uma vez vitimar-se em vez de admitir o seu falhanço e o falhanço do seu governo regional. Tenta culpar a oposição pela crise, quando quem falhou foi Bolieiro, o PSD, o CDS, o PPM, o CH e o IL, que se tinham unido para governar em 2020", prosseguiu António Lima. Em suma, "assistimos a um momento de pura propaganda eleitoral do PSD paga com dinheiro e usando o poder do governo, prosseguiu".
O Bloco/Açores entende que o resultado do mandato da direita "foi instabilidade na governação, nos serviços públicos e na vida das pessoas", pois "a direita no governo regional significou sempre instabilidade e crise política". Depois de ter defendido junto do Presidente da República a marcação de eleições antecipadas, António Lima afirma que "com o Bloco mais forte" não ficarão para trás "as medidas de apoio social de defesa dos trabalhadores, de combate à precariedade, de aumento de rendimento, de defesa dos serviços públicos".
"Levamos os Açores a sério, não brincamos aos orçamentos e aos governos", concluiu o deputado e coordenador do Bloco/Açores