Conclui-se esta terça-feira a ronda de audições com os partidos por parte do representante da República nos Açores. Pedro Catarino deverá anunciar ao final da tarde a indigitação de José Manuel Bolieiro, o líder da coligação PSD/CDS/PPM a formar o novo Governo Regional.
A coligação de direita venceu as eleições legislativas regionais de 4 de fevereiro, mas ficou a três deputados de alcançar a maioria na Assembleia Legislativa Regional. PAN e IL elegeram um deputado, pelo que serão necessários os votos favoráveis ou as abstenções dos cinco deputados do Chega para viabilizar um governo da direita açoriana.
À saída da reunião com Pedro Catarino, o deputado bloquista António Lima reafirmou a decisão já anunciada de votar contra o Programa de Governo. "Sempre dissemos que não apoiaríamos nem viabilizaríamos um governo da coligação de direita, fosse com o Chega ou sem o Chega, e disso não restam dúvidas. Conhecemos o programa eleitoral da coligação que será o seu Programa de Governo, e esse Programa de Governo terá a nossa oposição e votaremos contra", declarou o coordenador do Bloco/Açores aos jornalistas.
“Sabemos que o mais provável é que seja indigitado José Manuel Bolieiro, mas nós temos essa transparência e o compromisso que fizemos com os eleitores, durante a campanha, de não viabilizar essa solução de governo”, prosseguiu António Lima, considerando que “a oposição é fundamental em democracia" e que o programa de Bolieiro "não serve os Açores, não tem um caminho de desenvolvimento e de progresso para os Açores e, por isso, nós queremos apresentar uma alternativa e estaremos na oposição enquanto a legislatura durar”, acrescentou.
“Quem dizia que queria limpar os Açores dos tachos, afinal o problema com os tachos era não serem seus”
Questionado sobre o cenário de nova crise política caso o Programa de Governo seja chumbado, António Lima diz que esse cenário “não é responsabilidade de quem sempre se apresentou como alternativa", mas sim dos partidos da direita que "partiram de um pressuposto de que estavam disponíveis a entender-se no pós-eleições" e "sempre disseram que estavam disponíveis para falar”. Caso falhem esse compromisso que assumiram na campanha, tratar-se-á de uma mudança de posição que “descredibiliza a democracia".
Também o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, disse ao representante da República nos Açores que "mantém" a decisão aprovada pelo partido após as eleições de votar contra o Programa do Governo de Bolieiro.
“A coligação dizia, durante a campanha, que falaria com todos, afinal já não fala com ninguém, diz que apresenta o seu programa de governo e vota quem quer. O Partido Socialista dizia que falava com todos, menos com o Chega, mas afinal já não fala com a coligação e diz que vota contra. Cada um disse uma coisa durante a campanha e agora diz outra”, comentou António Lima.
Sobre a posição do Chega, o deputado do Bloco ainda não viu "uma medida que diga que quer incluir no Programa do Governo", mas apenas a exigência de lugares no futuro executivo. “Quem dizia que queria limpar os Açores dos tachos, afinal o problema com os tachos era não serem seus”, criticou.