A Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril tem em curso duas campanhas no sentido de recolher e preservar a nossa memória coletiva recente, para que fique arquivado e acessível ao público.
A decorrer desde novembro de 2023, a campanha “Filmou o 25 de Abril?” tem o objectivo de recolher filmes amadores em película inéditos sobre a Revolução. Em parceira com a Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, estão a ser recolhidos filmes em película de pequeno formato (9,5mm, 16mm, 8mm e Super 8) para serem digitalizados e consultados para fins de investigação. Os filmes serão também disponibilizados online na Cinemateca Digital, assim como para serem usados como imagens de arquivo em novas produções audiovisuais, caso os autores autorizem.
Maria Inácia Rezola, comissária Executiva, afirma que “um dos aspetos distintivos do 25 de Abril é a forma como os portugueses receberam a notícia do derrube da ditadura, saindo às ruas e celebrando a liberdade. Estas perspetivas são elementos relevantes para promovermos um maior conhecimento da nossa história recente. Esta passagem de testemunho sobre o passado, as memórias da ditadura, da construção da democracia e do valor da liberdade é fundamental para que possamos, em conjunto, pensar e construir o futuro.”
Esta quinta-feira, a Comissão Comemorativa lançou outra campanha, em parceria com o Arquivo Nacional do Som, que funciona no edifício da Torre do Tombo, em Lisboa, intitulada de “A que soa a Liberdade?”. A iniciativa de âmbito nacional passa pela recolha de registos sonoros relativos ao período da Revolução e o pós-25 de Abril. Esta campanha procura todo o tipo de gravações sonoras, como concertos ou qualquer evento cultural, manifestações, greves ou ocupações, entrevistas ou gravações caseiras relativas ao tema. Os registos sonoros podem ser doados nos mais diversos formatos, como bobinas de fita-magnética e cassetes áudio, entre outros. Todas as gravações recebidas serão serão identificadas, catalogadas e descritas.
Para Maria Inácia Rezola, “as imagens que ilustram o 25 de Abril e os meses da Revolução mostram-nos um país em ebulição, com multidões na rua, um enorme dinamismo de artistas, partidos, comissões, associações. Os registos sonoros dessa época são uma parte relevante da memória que temos o dever de preservar, e que é, simultaneamente, uma parte do testemunho que, 50 anos volvidos sobre esses acontecimentos, temos o dever de passar às novas gerações, recordando-as do valor da liberdade e da democracia. A história é fundamental para podermos, em conjunto, refletir sobre os próximos 50 anos.”