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Acampamento saharaui bloqueado por exército marroquino

Desde o início de Outubro que o Acampamento da Liberdade, onde estão já 20 mil Saharauis, cresce perto de El Aiún, apesar da repressão do Governo de Marrocos. O actor Javier Bardem entregou ao Governo espanhol um manifesto a favor do povo saharaui, com 230 mil assinaturas.
No Acampamento da Liberdade, em Gdeim Izik (nos arredores de El Aiún), estão já 20 mil saharauis que lutam pela independência do território ocupado do Sahara Ocidental e enfrentam a violência da polícia marroquina.

Desde o dia 10 de Outubro de 2010, milhares de saharauis levantaram um acampamento de protesto no deserto, nos arredores da cidade de El Aiún, como forma de condenar a ocupação marroquina, as difíceis condições de vida a que estão sujeitos nos campos de refugiados e a delapidação dos recursos naturais. Desde então o exército marroquino mantém uma forte presença em redor do acampamento, isolando-o e bloqueando qualquer acesso, situação que se acentuou gravemente nas últimas horas, e que faz com que as condições de sobrevivência da população acampada se tenham vindo a degradar muitíssimo.

A violência desproporcional com que o exército marroquino responde a este protesto do povo saharaui ficou bem evidente com a morte, no dia 24, a escassos quilómetros do acampamento improvisado, de um jovem de 14 anos e com o ferimento de outros sete saharauis. O jovem seguia num automóvel que levava provisões para o acampamento, e que foi impedido pelo controlo do exército marroquino através de fogo real. Além disso, a família do rapaz, atingido num rim por um disparo efectuado a curta distância, denuncia que as autoridades marroquinas enterraram o corpo no dia seguinte à tarde, sem permitir à sua mãe e irmãos ver o cadáver, e sem lhes comunicar o local do enterro.

No decorrer do mês e Outubro o governo do Marrocos proibiu também as actividades do escritório da Al-Jazeera em Rabat e decidiu retirar as credenciais dos funcionários da emissora que tem sede no Qatar. O ministério da Comunicação do Reino de Marrocos afirma em comunicado que o tratamento “irresponsável” dos assuntos marroquinos “afectou seriamente a imagem de Marrocos e prejudicou manifestamente os seus superiores interesses, especialmente a questão da integridade territorial".

Já várias organizações de Direitos Humanos em Marrocos, Espanha e Portugal vieram a público denunciar e repudiar a situação e exigir que sejam apuradas responsabilidades acerca da morte do jovem rapaz. A quebra do cessar-fogo e a violação dos princípios de direito humanitário num momento em que se inicia uma nova ronda de negociações oficiais entre Marrocos e a Frente Polisario em Nova Iorque é preocupante e deve merecer a atenção da comunidade internacional.

Entretanto, também o Presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática, o jovem português Tiago Vieira, foi interceptado pelas autoridades marroquinas de chegar a El Aiún e obrigado a regressar mais cedo a Portugal.

Não obstante a repressão e as tentativas para demover e desmobilizar o protesto, não obstante o bloqueio ao livre acesso de observadores e comunicação social internacional, o acampamento não parou de crescer e conta hoje com cerca de 8 000 tendas e 20 000 Saharauis. Importa por isso mobilizar toda a solidariedade e atenção internacional para salvaguardar o mínimo dos direitos humanos desta população acampada em protesto.

Manifesto com 230 mil assinaturas pede estatuto diplomático para Frente Polisário

Segundo o jornal espanhol El País, Javier Bardem tentou primeiro marcar um encontro com o chefe do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, mas não conseguiu. Por isso, o conhecido actor, porta-voz da plataforma Todos con el Sahara, apresentou-se esta quinta-feira no Palácio da Moncloa para entregar um manifesto onde os 230 mil subscritores pedem ao Governo espanhol que outorgue um estatuto diplomático à representação em Madrid da Frente Polisario, movimento que luta pela independência da antiga colónia espanhola e, como tal, é reconhecido como representante único do povo saharaui pela Organização das Nações Unidas.

A plataforma escreveu três cartas (em Janeiro, Maio e Outubro) à Presidência do Governo solicitando uma data para entregar o manifesto, mas estranhamente "não houve resposta alguma", referiu Álvaro Longoria, que, juntamente com Javier Bardem, está a rodar um documentário sobre o Sahara Ocidental. Na falta de resposta, o actor e outros membros destacados de “Todos con el Sahara” - Rosa María Sardá, Fernando Colomo, Carlos Bardem, e outros - bateram esta quinta-feira à parte da Moncloa.

O documento é subscrito por muitos artistas e personalidades da vida espanhola e mundial, como Pedro Almodóvar, Joan Manuel Serrat, Oscar Niemeyer e Penélope Cruz.

Aminetu Haidar congratulada com a Medalha da Universidade de Coimbra

No próximo dia 9 de Novembro, por iniciativa da Faculdade de Economia, o Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. Doutor Fernando Seabra Santos, entregará a Medalha da Universidade a Aminettou Haidar como reconhecimento pelo seu contributo para a defesa dos Direitos Humanos, numa cerimónia pública que terá lugar na Biblioteca Joanina.

No dia anterior, 8 de Novembro, a Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental, com o apoio da plataforma portuguesa da Marcha Mundial das Mulheres, organiza, em Lisboa (no Terraço do Graal, na Av. Luciano Cordeiro, 24-6º), uma sessão de informação e trabalho com a activista saharaui Aminetu Haidar. 

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