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Farmacêuticas fogem a questões sobre escassez, Marisa acusa CEO de mentir

Marisa Matias acusou o CEO da AstraZeneca de mentir e de não honrar o compromisso com a Universidade de Oxford para a venda da vacina a preço de custo ao longo de toda a duração da pandemia.
Marisa Matias na audição aos CEO das farmacêuticas no Parlamento Europeu.
Marisa Matias na audição aos CEO das farmacêuticas no Parlamento Europeu. Foto Alexis Haulot/Parlamento Europeu

Os CEO's das maiores farmacêuticas foram ao Parlamento Europeu responder às questões dos deputados sobre as dificuldades do plano global de vacinação, no mesmo dia em que os líderes europeus também se reuniram também para falar sobre estratégia de produção.

Como pano de fundo estavam as dificuldades para incrementar os níveis de produção para terem capacidade de resposta às necessidades europeias e globais, a falta de transparência nos contratos com a UE, assim como as falhas nas entregas que têm marcado as últimas semanas. Ao longo de três horas, os eurodeputados colocaram as mais variadas questões aos executivos de topo das gigantes farmacêuticas.

Marisa Matias lamentou nas suas redes sociais a "oportunidade única, mas que deu em muito pouco" devido às "respostas redondas ou ausência de respostas" por parte das farmacêuticas. A deputada europeia questionou Pascol Soriot, CEO da Astrazeneca sobre as declarações prestadas ao jornal La Repubblica, em que justificou a falha nas entregas com o atraso da Comissão na realização dos contratos, que se veio a provar estarem erradas, assim como a contradição entre o compromisso de não obter lucro com a vacina assumido com a Universidade de Oxford, condição exigida pelos cientistas para a cedência dos direitos de propriedade à empresa e os termos dos contratos que mais tarde viriam a ser assinados pela empresa com os países. O CEO respondeu que os compromissos anteriores que Oxford tinha assumido com outros parceiros que desistiram do processo acabaram por transitar para a Astrazeneca, desvalorizando a data da assinatura dos contratos. Não respondeu sobre as declarações falsas.

Outra deputada questionou a empresa Moderna pela contradição entre os anúncios da empresa de não fazer valer os seus direitos de propriedade intelectual e a recusa em partilhar informação e dados sobre a tecnologia da vacina que produziu. Tendo sido questionado diretamente sobre a disponibilidade para essa partilha de informação, o CEO Stéphane Bancel enalteceu a disponibilidade para a colaboração da sua empresa com todos os atores ao longo das várias fases do processo e elencou as dificuldades de produção da vacina para uma empresa com pouca experiência na área da produção, sobretudo no continente europeu onde não tinha nenhuma unidade produtiva.

A Vice-Presidente da Pfizer, Angelica Wong, confrontada com a real incapacidade das empresas em escalar a produção, foi questionada diretamente sobre a disponibilidade da empresa para abdicar da patente. A responsável explicou que a empresa muito investiu ao longo deste processo no sentido de assegurar uma vacina, que a Pfizer necessita que o retorno do investimento que fez seja garantido por um sistema de propriedade intelectual estável e robusto, que seja capaz de garantir condições para colaborações como as que a empresa fez com a BioNtech para o fabrico de vacinas.

A intervalar a sessão de perguntas e respostas, uma investigadora do Global Health Center da Universidade de Genebra, convidada pelo Parlamento Europeu para o debate entre CEO's e deputados, fez uma apresentação sobre a relação dificil entre o objetivo de escalar a produção global de vacinas e os incentivos de mercado existentes para que as empresas não partilhem tecnologia, assim como a falta de informação existente sobre a produção e distribuição que a UE, ao abrigo do poder conferido pelos contratos, deveria estar a requerer às empresas.

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