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Aquecimento oceânico ameaça saúde humana

Maior estudo sobre a matéria revela que aumento da temperatura do mar em consequência das alterações climáticas aumentará o risco de transmissão de doenças pela água.
Oceano, foto de Victor/Flickr.

No Congresso Mundial da Natureza, que se está a realizar no Havai, foi apresentado o maior estudo feito até ao momento sobre o impacto das alterações climáticas nos oceanos e que consequências isso trará para os humanos direta e indiretamente. O relatório “O que é o aquecimento oceânico: causas, escala, efeitos e consequências” revela que o impacto da temperatura dos oceanos já pode ser observado nos fenómenos meteorológicos extremos, nas populações de peixes e num maior risco de doenças transmitidas pela água. 

O estudo teve a participação de 80 investigadores de 12 países e é o mais "abrangente e sistemático alguma vez realizado sobre o aquecimentos dos oceanos", disse Dan Laffoley, um dos principais autores do estudo. “Todos sabemos que os oceanos sustentam o planeta. Todos sabemos que os oceanos nos dão a cada segundo o ar que respiramos. O aquecimento oceânico é um dos maiores desafios ocultos desta geração e estamos totalmente despreparados para o abordar” declarou Inger Andersen, diretora geral da União Internacional para a Conversação da Natureza. “A única maneira de preservar a fecunda diversidade da vida marinha e de salvaguardar a proteção e os recursos que o oceano nos proporciona, é reduzir de forma rápida e sustentável as emissões dos gases com efeito estufa”.

O estudo investigou vários ecossistemas marinhos, de micróbios a baleias, incluindo o fundo dos mares e revela que aquecimento oceânico já está a afetar os ecossistemas de todo o mundo e a empurrar espécies inteiras (desde planctón a aves marinhas) 10 graus de latitude para Norte e Sul, na direção dos pólos, onde a água é mais fria. Além disso, as áreas de reprodução de tartarugas e de aves marinhas estão a perder-se e o êxito reprodutivo de mamíferos marinhos está a baixar.

“O oceano tem-nos protegido e as consequências disso são enormes. 93% do calor gerado desde os anos 70 como resultado do aquecimento global foi absorvido pelos oceanos, que atuam como amortecedor das alterações climáticas, mas isso tem um preço. Ficámos atónitos com a escala e a magnitude dos efeitos operados pelo aquecimento oceânico sobre ecossistemas inteiros” resumiu Dan Laffoley.

Laffoley afirmou ainda que o relatório apresenta indícios de que o aquecimento do mar pode provocar o aumento das doenças nas populações de flora e de fauna, além de matar os recifes de coral. Além disso, o aquecimento oceânico também prejudica a saúde humana, uma vez que os agentes patogénicos, como por exemplo a bactéria que causa cólera, se propagam mais facilmente em águas mornas.

O aquecimento dos oceanos também afeta o clima, com efeitos em cadeia sobre os seres humanos. O número de furacões graves aumentou a um ritmo entre 25 e 30% a cada grau de aquecimento global, revela o relatório. “O escudo contra as alterações climáticas que nos fornecem os oceanos e os seus ecossistemas, ao absorver grandes quantidades de CO2 e ao proteger-nos contra tempestades e erosão também será reduzido com o aquecimento oceânico”, assinala o relatório.

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