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Vacina: dos anúncios à realidade

Este comunicado anunciava uma eficácia de 90% para a vacina que está neste momento na fase 3 dos ensaios clínicos. A empresa Pfizer, juntamente com a empresa Alemã BioNTech, é responsável por uma das 40 candidatas a vacina atualmente em ensaios clínicos. Entre os 43.538 candidatos nesta fase de testes (nem todos receberam a vacina, alguns receberam placebo), a Pfizer identificou 94 casos de Covid-19, significando isto uma de eficácia de 90% na prevenção de casos sintomáticos. Este valor de eficácia superou as melhores expetativas, visto que uma eficácia de 60% já seria visto como benéfica no controlo da pandemia segundo a FDA (Food and Drug Admnistration).
A vacina desenvolvida pela Pfizer é administrada em 2 doses, com intervalo de 3 semanas e é composta por mRNA.
O que é uma vacina de mRNA?
O mRNA é uma molécula responsável por transformar a informação genética em proteínas. Com esta vacina, em vez de se injetar pequenas e seguras doses do vírus, injeta-se esta molécula de mRNA, que vai transmitir instruções às células humanas para produzirem por si próprias componentes seguras do vírus capazes estimular o nosso sistema imunitário a responder contra elas. Os resultados obtidos pela Pfizer são também encorajadores para a empresa Moderna, que utiliza a mesma abordagem.
Uma desvantagem deste tipo de vacina é o seu armazenamento ser feito a temperaturas inferiores a 80 graus negativos. As estruturas capazes deste tipo de armazenamento são escassas em todos os países, incluindo Portugal.
O que falta saber?
A fase 3 deste ensaio ainda está a decorrer e a introdução de mais dados poderá alterar os resultados, modicando assim o valor da eficácia. Como as informações foram obtidas apenas pelo comunicado de imprensa, ainda muitos aspetos importantes estão por responder. Algo omitido no comunicado é se esta eficácia de 90% se verifica em todas as faixas etárias e se se mantém nos mais idosos, grupos de maior risco. A segurança da vacina é também um fator decisivo na sua aprovação. A Pfizer obteve bons resultados de segurança na fase 2 dos ensaios clínicos. No entanto, antes de pedir aprovação à FDA, a empresa quer ainda avaliar metade dos participantes em questões de segurança, pelo menos por 2 meses após a administração da última dose da vacina. Assim, o pedido de aprovação à FDA tem data prevista para a terceira semana de novembro.
É também ainda uma incógnita se a vacina reduziu realmente a capacidade de se ficar infetado com o vírus e ou se “apenas” reduziu da gravidade da doença. A resposta a esta pergunta será essencial para perceber o impacto desta vacina no controlo da pandemia. É também necessário garantir que a vacina é capaz de reduzir os sintomas nos casos mais severos. Como o número de casos severos é baixo, esta informação é difícil de obter mas fundamental para que a vacina tenha o impacto desejado na sociedade.
O tempo que a vacinação protege da infeção é também algo ainda em estudo. Como os ensaios foram iniciados há poucos meses, é natural esta informação não estar completamente definida. Com a publicação do artigo com todos os resultados desta fase dos ensaios e a sua revisão por pares será possível perceber se o entusiasmo causado é sustentado.
Na mesma semana do anúncio da Pfizer, a vacina Russa, Sputnik V, foi também notícia com uma alegada taxa de eficácia de 92%. No entanto, esta tem um número de indivíduos avaliados bastante inferior, resultando num maior ceticismo por parte da comunidade científica.
Todos terão acesso à vacina?
Claramente as infraestruturas de cada país para o armazenamento da vacina será um fator importante no seu acesso à mesma. No entanto, o mais importante seria garantir que não existem acordos bilaterais entre os países mais ricos e as empresas responsáveis pelo desenvolvimento das mesmas. Apenas uma distribuição centralizada conseguirá garantir o acesso justo e democrático de todos a uma vacina. Também só com este acesso global conseguiremos garantir a tão desejada imunidade de grupo e assim superar realmente a atual pandemia.
Comentários
A simpática Ana Isabel
A simpática Ana Isabel discorre alguns comentários pertinentes sobre a vacina da Pfizer, mas não refere algo de fundamental. Refiro-me ao facto de esta empresa como quase todas as outras produtora de vacinas, já ter sido condenada judicialmente pela prática de diversos crimes, como suborno, corrupção, obstrução à justiça, cooptação, etc. Acresce que o nº da eficácia foi anunciado no exacto momento em que o seu CEO colocou à venda o seu elevado lote de acções. O entusiamo fez disparar o preço e este senhor ganhou uns bons milhões de um dia para o outro, sem mexer uma palha. Como se isto ainda não bastasse, esta empresa como outras, obrigou os governos a assinar acordos onde se comprometiam a não permitir a ninguém processar a empresa, no caso de efeitos adversos da vacina. Mas ainda há mais. Os EUA adquiriam milhões de doses ao preço unitário de $20, sendo o custo total não ultrapassa $2. Ah! Os custos da investigação? Ora, esta foi altamente subsidiada pelo governo, pelo que a empresa lucrou só aí mais de $1,7 B. Bela negociata. E depois ainda querem que acreditemos neles? Brincamos de certo!!!
Viram a noticia sobre a
Viram a noticia sobre a companhia aérea Australiana Qantas?. A companhia diz que vai exigir comprovativo de vacinação para se puder voar nessa companhia. Espero sinceramente que esta ideia não chegue a Portugal e espero que o Bloco esteja atento.
O que é a seguir?. As escolas, o SNS, transportes públicos, o patrão a pedir o comprovativo?.
Em relação à vacina, confiam na vacina?. Algo que demorava anos a ser obtida, agora aparece em poucos meses. Se vos derem a sputnik, vacinam-se?.
Num assunto separado, viram a noticia do sr Bill Gates a dizer que espera uma nova pandemia daqui a três anos?. Depois não querem que o povo ache que isto cheire a esturro.
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