Marrocos e Israel anunciaram esta quinta-feira que alcançaram um acordo para normalizar as relações oficiais entre os dois países, segundo o Aljazeera. É assim o quarto país árabe a estabelecer relações com o Estado israelita através da diplomacia da administração Trump. Marrocos junta-se aos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão.
Para isto acontecer, os Estados Unidos devem reconhecer a soberania de Marrocos no Sahara Ocidental. Trump afirmou no Twitter que “uma proposta de autonomia séria, credível e realista de Marrocos é a única base para uma solução justa e duradoura para a paz e prosperidade”.
Today, I signed a proclamation recognizing Moroccan sovereignty over the Western Sahara. Morocco's serious, credible, and realistic autonomy proposal is the ONLY basis for a just and lasting solution for enduring peace and prosperity!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 10, 2020
Em reação ao anúncio do reconhecimento, o representante da Frente Polisário em Washington, Moulou Said, lamentou a decisão de Donald Trump e a seguir lembrou que “a realidade é que Marrocos ocupa uma parte de um território de um Estado membro da União Africana. Esta decisão não vai mudar nem a natureza nem o estatuto do território”, afirmou o diplomata sarahui.
Por outro lado, sublinhou Said, “o povo sahauri não pode ser usado como uma mercadoria nas transações diplomáticas internacionais”. Por isso, “continuará com a sua determinação a lutar até ao fim da ocupação e ao respeito da Carta da União Africana”, concluiu.
No mês passado, um ataque do exército marroquino contra civis saharuis dentro da zona tampão protegida pelos acordos de 1991 levou a Frente Polisário a declarar o fim do cessar-fogo neste conflito com mais de quatro décadas.
OLP condena acordo e diz que a normalização de Israel só faz aumentar a sua beligerância
A Palestina tem criticado os acordos de normalização promovidos por Trump e esta vez não foi exceção. As autoridades palestinianas reagiram com dureza ao anúncio e Bassam as-Salhi, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, condenou o acordo.
A Aljazeera cita declarações de alguns líderes palestinianos: “Qualquer retirada árabe da Iniciativa de Paz Árabe, que estipula que a normalização vem somente depois que Israel termine a ocupação de terras palestinas e árabes, é inaceitável e aumenta a beligerância de Israel e sua negação dos direitos do povo palestino”, disse Salhi.
O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, referiu que “isto é um pecado e não serve ao povo palestiniano. A ocupação israelita usa cada nova normalização para aumentar sua agressão contra o povo palestiniano e aumentar a expansão de seus assentamentos.”
O rei marroquino Mohammed VI já disse ao presidente palestiniano Mahmoud Abbas que Marrocos defende uma solução de dois Estados para o conflito israelita-palestiniano. Benjamin Netanyahu, líder do governo israelita, anunciou que haveria voos diretos entre os países e a abertura de missões diplomáticas.
Jared Kushner, assessor de Trump, frisou que a adesão da Árabia Saudita aos acordos de normalização com Israel é “inevitável”, mas o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, disse na semana passada que Riad só consideraria tal medida se um acordo de paz “entregar um Estado palestiniano com dignidade e uma soberania viável que os palestinos possam aceitar”.