Trump classifica Antifa como “organização terrorista”

01 de junho 2020 - 13:00

O Presidente dos EUA responsabiliza o movimento Antifa pelos confrontos com a polícia nas manifestações contra o homicídio de George Floyd. Especialistas avisam que eventual ilegalização não é constitucional.

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Trump classifica Antifa como “organização terrorista”
Fotografia de mightymightymatze/Flickr.

Donald Trump já tinha responsabilizado os antifa e demais “manifestantes profissionais” de serem os responsáveis pela escalada de confrontos com a polícia nas manifestações contra o assassinato de George Floyd.

Posteriormente, o Presidente dos Estados Unidos da América voltou ao Twitter para informar que irá classificar o movimento antifascista como organização terrorista. 

“Os Estados Unidos da América irão designar a ANTIFA como uma organização terrorista”, escreveu o Presidente dos EUA sobre o que já tinha qualificado no passado como “extrema esquerda radical”. Há muito que os antifa são um alvo da direita conservadora dos Estados Unidos, sendo responsabilizados por quaisquer confrontos com as forças policiais ou com grupos de extrema direita. 

Trump ainda teve tempo para responsabilizar os meios de comunicação social (a “lamestream media”) por “fomentar ódio e a anarquia” durante as manifestações contra a violência policial. 

Porém, segundo a estação de televisão CNN, tal medida iria contra a Constituição dos Estados Unidos. O canal de informação contactou vários constitucionalistas e estes concordam que seria inconstitucional reduzir as liberdades garantidas pela Primeira Emenda americana com base numa ideologia política. A legislação dos EUA permite que sejam qualificados como terroristas grupos internacionais, mas as liberdades garantidas de acordo com a Primeira Emenda impedem tal qualificação a grupos que organizem manifestações em território nacional. Entre outras coisas, a Primeira Emenda à constituição dos EUA impede o Congresso de limitar a liberdade de expressão.

“Desde que todos compreendam aquilo que eles estão a fazer, que eles são NOTÍCIAS FALSAS e pessoas verdadeiramente más com uma agenda doentia, conseguiremos facilmente ultrapassá-los em direção à GRANDEZA!”, tweetou. 

George Floyd foi morto no Estado do Minnesota e é aí o epicentro das manifestações que já se alastraram um pouco por todo o país. A força de reserva da Guarda Nacional dos EUA foi aí chamada para ajudar a polícia local a conter as manifestações provocadas pelo homicídio de Floyd na passada semana. A força de reserva foi também chamada para os estados da Geórgia, Kentucky, Wisconsin, Colorado, Ohio e Utah.

Trump aproveitou a sequência de tweets para explicar que foi graças ao trabalho da Guarda Nacional que “os ANTIFA, que lideram os anarquistas entre outros, foram rapidamente bloqueados”.

“Outras cidades e estados liderados pelos democratas deveriam olhar para o bloqueio total dos anarquistas de esquerda radicais em Minneapolis”, disse o Presidente republicano, defendendo que a Guarda Nacional fosse chamada para mais estados do país “antes que seja tarde demais”.