Confrontos com a polícia nos protestos contra o assassinato de George Floyd

28 de maio 2020 - 16:53

“Não consigo respirar” e “por favor, não me matem” foram as últimas das palavras de George Floyd enquanto um polícia o sufocava com o joelho. Floyd fora detido alegadamente por tentar usar uma nota falsa de 20 dólares numa mercearia. O caso voltou a acender o debate em torno da violência policial e racista nos EUA.

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Ao contrário do inicialmente alegado pelos agentes da policia, as gravações de câmaras de videovigilância comprovam que este não tentou resistir à detenção.
Ao contrário do inicialmente alegado pelos agentes da policia, as gravações de câmaras de videovigilância comprovam que este não tentou resistir à detenção.

O caso aconteceu na segunda-feira em Minneapolis, nos Estados Unidos da América, e tornou-se viral graças a uma gravação publicada depois nas redes sociais. Nela vê-se um homem caído no chão e ajoelhado no seu pescoço durante nove minutos está um polícia. O homem chora, suplica para ser solto e diz várias vezes que não consegue respirar, pedindo ainda que não o matassem. O homem chamava-se George Floyd, tinha 40 anos e faleceu pouco depois. A ação policial aconteceu porque Floyd teria alegadamente tentado usar uma nota falsa de 20 dólares para pagar uma compra num supermercado. 

Face à morte do homem e à indignação causada nas redes sociais, a polícia alegou inicialmente que usou da força física porque George Floyd teria resistido à detenção. Porém, as câmaras de vigilância do restaurante em frente ao sítio onde tudo aconteceu mostram que o homem foi conduzido para a viatura policial, algemado e que em momento algum tentou resistir. 

Esta morte voltou a acender o debate sobre a violência policial nos Estados Unidos da América, em particular a violência policial dirigida a pessoas negras. Os protestos começaram de imediato um pouco por todo o país, tendo vindo a aumentar de intensidade.

Os manifestantes exigem a detenção do agente da polícia que asfixiou George Floyd. Também Jacob Frey, o “mayor” da cidade, pede que este seja detido. Porém, os agentes envolvidos, segundo o Departamento de Apreensão Criminal do Minneapolis, estão de licença administrativa remunerada, não tendo ocorrido qualquer detenção. Ainda segundo o mesmo departamento, o FBI estará a investigar o caso.  Por seu turno, o sindicato da polícia do Minneapolis pede ao público que "não julgue ou condene de imediato os polícias”. 

"Nas últimas 36 horas lidei com uma questão fundamental: porque é que o homem que matou George Floyd não está na prisão? Se o tivessem feito, ou se eu o tivesse feito, estaríamos já atrás das grades", sustentou Jacob Frey.

“Ser negro na América não pode ser uma sentença de morte. Durante cinco minutos, vimos um polícia branco a pressionar o seu joelho contra o pescoço de um homem negro. Cinco minutos. O agente da polícia falhou no sentido humano mais básico”, disse o “mayor” da cidade na sua conta pessoal do Twitter.

Os protestos envolveram confrontos com a polícia em algumas cidades, tendo sido disparadas balas de borracha e gás lacrimogéneo contra os manifestantes. Alguns grandes armazéns de distribuição e venda de alimentos e outros bens foram saqueados.

Foram já vários os agentes políticos do país que vieram a público prestar a sua solidariedade com a família de George Floyd e exigir justiça. Ilhan Omar, congressista do Partido Democrata eleita pela cidade de Minneapolis, defendeu publicamente que o polícia “que matou George Floyd devia ser acusado de homicídio”.