A manifestação teve início na Praça dos Restauradores e dirigiu-se até ao Ministério das Finanças, onde uma delegação foi recebida pela ministra. Em dia de greve nos CTT, que os sindicatos afirmam ter tido uma adesão de 78%, não foi esquecida a repressão policial ao piquete de Cabo Ruivo. "Não temos medo de continuar a luta e por mais que nos tentem reprimir e caluniar, nós responderemos com a serenidade de quem tem a consciência de que a força da razão, que é a nossa, se irá sobrepor à força do poder", afirmou Arménio Carlos na intervenção no início do protesto.
Para o líder da CGTP, a atribuição da licença bancária aos CTT "é mais uma medida que visa atrair o negócio, visa atrair acionistas para que amanhã possam ter mais lucros com a privatização. Faz parte da estratégia para vender ou atrair acionistas para a venda dos CTT”.
"Esta privatização é um crime contra a economia e mais um esbulho que se está a fazer ao património público", prosseguiu Arménio Carlos, explicando que "se está a tirar um serviço de proximidade e de qualidade do nosso serviço público para transferir os lucros desta empresa para meia-dúzia de acionistas. Isto não é bom para o país, não é bom para a população nem para a coesão económica e social. Pelo contrário, só vai acentuar as desigualdades e a exploração".
A coordenadora bloquista também interveio no plenário inicial para denunciar que a licença para um banco postal "significa que se está a entregar a maior rede bancária do país a privados", através deste processo de privatização conduzido pelo Governo. Catarina Martins lembrou que os CTT são uma empresa que entrega lucros ao Estado todos os anos e que desempenha um papel insubstituível para as populações mais isoladas que têm perdido serviços públicos nos últimos anos, para além de garantirem a confidencialidade das correspondências.
Catarina Martins saudou ainda os trabalhadores que "nesta luta contra a privatização dos CTT defendem mais do que o seu posto de trabalho: defendem também o país, um serviço público essencial e defendem o que é a decência no nosso país". "Este negócio é ilegítimo, põe o nosso país mais pobre, retira soberania e não pode ir para a frente", concluiu a coordenadora do Bloco.
No final da reunião da ministra, os sindicalistas afirmaram aos jornalistas que saíram exatamente como entraram, "com uma mão cheia de nada", e prometem entregar um pré-aviso de greve para o dia 27 de dezembro. Na agenda da luta está também a possibilidade de greve para os dias 31 e 31 de dezembro.