Trabalhadores dos bares dos comboios voltam à greve

22 de setembro 2023 - 15:29

A nova concessionária do serviço dos bares dos comboios de longo curso não está a cumprir a promessa de regularizar as remunerações e aplicar o Acordo de Empresa. Trabalhadores concentraram-se em Santa Apolónia. Bloco quer que o Governo cumpra a promessa de estudar a internalização deste serviço na CP.

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Protesto dos trabalhadores dos bares dos comboios no cais de Santa Apolónia.

Depois da saga da insolvência da anterior concessionária, que deixou cerca de 130 trabalhadores com salários em atraso e levou à interrupção do serviço de bar nos comboios de longo curso da CP, a empresa que assumiu a concessão no final de junho, comprometendo-se com a regularização dos salários em falta, não está afinal a cumprir o prometido.

Por essa razão, esta sexta-feira realizou-se uma greve com concentração matinal na estação de Santa Apolónia, em Lisboa. O deputado bloquista José Soeiro esteve presente a afirmar a solidariedade do partido, que tem acompanhado esta luta nos últimos anos e apoia a integração destes trabalhadores nos quadros da CP.

"Os trabalhadores desde junho do corrente ano têm aguardado pelas promessas no cumprimento e regularização do pagamento da retribuição mensal por parte da concessionária NewRail, empresa que mensalmente recebe da CP uma compensação de 410 mil euros mensais para fazer face aos custos da operação referente a salários, estimado em 130 mil euros mensais, até Dezembro de 2023", denuncia em comunicado o Sindicato da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.

Em causa não está o pagamento do dinheiro que os trabalhadores tinham direito a receber, mas os descontos da empresa para a Segurança Social nesses meses, que fazem também parte do salário e que não estarão a ser pagos.

Estes trabalhadores reclamam igualmente a aplicação do Acordo de Empresa, que consideram "da maior importância para a vida profissional dos trabalhadores". Por exemplo, o direito a ter alimentação em espécie em viagem, "porque de outra forma não têm como alimentarem-se, cumprindo horários e as obrigações profissionais no local de trabalho, entre outros".

Segundo o sindicato, face às tentativas de diálogo com a administração da NewRail não terem sido bem sucedidas, não restou outra opção do que avançar para a greve. Os trabalhadores dizem ter esperança de verem os seus postos de trabalho garantidos "após o dia 31 de dezembro de 2023 com a integração nos quadros da CP e o pagamento das retribuições dos meses anteriores regularizadas pela concessionária NewRail".

Jose Soeiro: Governo tem de cumprir o compromisso de estudar internalização do serviço de bares

Numa publicação nas redes sociais após o encontro com os trabalhadores, o deputado bloqusita José Soeiro lembrou que "em março e abril deste ano, os trabalhadores dos bares dos comboios estiveram acampados em Santa Apolónia e em Campanhã, depois de a empresa concessionária os ter deixado sem salário e de mãos a abanar e de a CP não ter garantido a manutenção do seu vínculo e a garantia dos seus salários".

"Em abril passado, ganharam essa luta, duríssima, e voltaram aos seus postos de trabalho. O Governo comprometeu-se, nessa altura, a fazer um estudo sobre a internalização do serviço dos bares (que está em outsourcing). Hoje, os trabalhadores estão em greve, porque as suas condições de trabalho têm vindo a ser degradadas. Além disso, o dito estudo, que poderia fundamentar a integração dos trabalhadores na própria CP, ainda não foi feito, apesar dos compromissos", prosseguiu o deputado, anunciando que irá requerer ao Governo e à CP "que dê conta do compromisso assumido com os trabalhadores relativo à possibilidade do insourcing" do serviço de bares dos comboios de longo curso.

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