Os trabalhadores dos bares dos comboios de longo curso da Comboios de Portugal, contratados pela concessionária ITAU, entraram esta quarta-feira em greve para novamente protestar contra o incumprimento do Acordo de Empresa na sua integralidade. Durante esta manhã, estiveram concentrados à frente da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) onde se reuniram com inspetores para falar do seu caso. O dirigente do Bloco de Esquerda, Jorge Costa, esteve presente na concentração onde ouviu os trabalhadores e as suas exigências face à ACT.
Em causa está o não cumprimento da totalidade do Acordo de Empresa que os trabalhadores tinham assinado com a antiga concessionária, a NewRail. A ITAU ganhou o concurso de concessão do serviço dos bares dos comboios que começou a 1 de abril de 2025 e desde logo recusou-se a cumprir o acordo na integra. Logo em abril, os trabalhadores marcaram a primeira greve, seguida de uma segunda em maio e finalmente a greve de junho, que está marcada para os dias 11 e 12.
Os sindicatos já se reuniram com a ITAU e com a CP, mas em nenhum dos casos estas empresas se mostraram abertas a cumprir ou pressionar o cumprimento do Acordo de Empresa em vigor.
A moção que os trabalhadores entregaram à entidade pede a “intervenção urgente” face à postura da ITAU e exige o “respeito pelos direitos dos trabalhadores”. Na reunião com a ACT, os inspetores que receberam a delegação de trabalhadores comprometeu-se a fazer a ligação com a ITAU e a entregar a resposta da empresa à Federação dos Trabalhadores da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo (FESAHT). Já houve dois pedidos de intervenção feitos à ACT sobre o não cumprimento do Acordo de Empresa.
Ao Esquerda.net, Sónia Henriques, trabalhadora dos armazéns dos bares da CP, sublinha que a ACT é a defensora das condições de trabalho e que é a entidade “que nos tem de ajudar de alguma forma” para que a ITAU “ponha a mão na consciência”.
“A resposta que tivemos da ACT é que iam tentar resolver, até agora nada. E já lá vão dois meses”, diz Sónia. A própria empresa concessionária não está “a fazer nada daquilo que tinha no contrato” e não está “a cumprir com os nossos direitos, que estavam no Acordo de Empresa”. Mas os trabalhadores dos bares de comboios prometem que vão “continuar a lutar até às últimas instâncias” e que vão para tribunal “se for preciso”.