Num comunicado conhecido esta quarta-feira, a empresa têxtil Tavares, situada na Guarda, anunciou que avançará com um despedimento coletivo que deverá afetar 40 dos 75 trabalhadores.
O administrador da empresa que se dedica à produção de fios cardados e à lavagem de lãs, Pedro Tavares, atribui a culpa da sua decisão ao “encerramento forçado” do lavadouro de lãs depois do seu coletor no rio Noeme ter sido tamponado. Este foi aprovado por unanimidade no executivo camarário em janeiro e visava a despoluição dos rios Diz e Noeme.
Mas o administrador diz que é o encerramento que levará a “graves consequências ambientais e económicas” na região. Alega-se que “Portugal deixa de dispor de capacidade interna para lavar lã bruta, obrigando à exportação da matéria-prima não tratada e provocando perda de valor acrescentado e postos de trabalho”, que o transporte a partir do estrangeiro implica “maiores emissões de CO2 e contraria os compromissos de sustentabilidade e economia circular”, que a lã recolhida em Portugal fica “sem destino legalmente permitido”,” obrigando os agricultores a enviar a lã para aterros industriais, com custos muito elevados e perda total do valor da matéria-prima”. Isto além de comprometer “a rastreabilidade, certificação e transformação local da lã, colocando em risco toda a fileira lanífera nacional e o futuro de indústrias que dependem desta matéria-prima”.
O presidente desta autarquia respondeu à agência Lusa que a decisão já tem quase um ano, foi unânime e lamentou que a empresa não tivesse contactado a Câmara em busca de uma solução, vincando ainda que as empresas estão obrigadas a cumprir normas de tratamento de águas residuais e que o tamponamento foi em cumprimento de uma deliberação do Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu. Saudou ainda a “coragem política de decidir fechar o coletor em causa, que foi tamponado em definitivo na semana passada”. À RTP acrescentou que o problema ambiental se arrastava há 24 anos.
Este administrador nega que tenha havido qualquer ordem judicial nesse sentido: “contrariamente ao que veio a ser publicamente divulgado pela autarquia, esta decisão não resultou de qualquer ordem judicial, mas sim de um ato administrativo próprio, deliberado internamente”, escreve na nota enviada.