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Tensão crescente entre Irão e EUA sobre ataques a petroleiros no mar de Omã

O governo norte-americano acusa o Irão de atacar dois petroleiros no mar de Omã. Este país nega e o presidente Hassan Rohani retorquiu que EUA são uma “grave ameaça à estabilidade” regional e mundial. O centro da disputa é o estreito de Ormuz por onde passa um quinto do petróleo vendido mundialmente.
O petroleiro norueguês Front Altair em chamas na sequência de um ataque a 13 de junho de 2019. Fonte: twitter.

Na passada quinta-feira, dois petroleiros, o norueguês Front Altair e o japonês Kokuka Courageous, foram atacados no mar de Omã a 30 milhas náuticas da costa iraniana tendo as suas tripulações abandonado os navios.

Entretanto, o Comando Central militar dos EUA divulgou imagens que supostamente mostrariam o envolvimento iraniano no ataque ao Kokuka Courageous. O seu porta-voz Bill Urban comentou estas imagens alegando que se tratava de um barco patrulha da Guarda Revolucionária Iraniana que se aproximou do navio para retirar uma mina que não tinha explodido. Ao nível governamental, também Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, acusou explicitamente o Irão pelo ataque: “é a avaliação do governo dos Estados Unidos que a República Islâmica do Irão é responsável pelos ataques que ocorreram no Golfo de Omã hoje.”

Estas acusações somam-se a um historial recente: os EUA tinham já acusado o Irão do ataque de dia 12 de maio no qual foram visados quatro petroleiros dos Emirados Árabes Unidos e do ataque de 14 de maio no qual drones atingiram duas estações de bombeamento de petróleo sauditas.

A missão iraniana nas Nações Unidas tratou imediatamente de refutar as acusações, rejeitando “categoricamente a alegação infundada que diz respeito aos incidentes de 13 de junho com os petroleiros” e condenando-a “nos termos mais fortes possíveis”. Já o Presidente da República iraniano, numa reunião da Organização de Cooperação de Xangai em Bichkek, no Quirguistão, não se referiu diretamente ao tema mas contrapôs que “nos últimos dois anos, o Governo dos Estados Unidos manifestou uma abordagem agressiva e representou uma grave ameaça à estabilidade na região e no mundo, violando todas as regras internacionais”. Rohani referia-se à retirada de Trump do acordo nuclear com o Irão.

Uma nova guerra por petróleo?

A intensificação da disputa entre Estados Unidos e Irão tem a ver não apenas com este acordo sobre o nuclear mas também com a guerra no Iémen, onde cada uma das potências apoia lados diferentes e ainda com o controlo da entrada do Estreito de Hormuz, uma via marítima essencial para a exportação do petróleo saudita e dos outros estados do Golfo por onde passa um quinto do petróleo consumido a nível mundial.

Um possível bloqueio do estreito por parte do governo iraniano é visto como a retaliação possível pelas sanções norte-americanas que impedem a venda do petróleo iraniano. Trump pressiona os países que importarem petróleo iraniano com sanções económicas até que estes desistam, o que fez as exportações iranianas cair de 2,5 milhões de barris por dia em abril do ano passado para 400 mil em maio deste ano.

Mapa do Estreito de Ormuz

Porém, ambas as partes negam estar a caminho de uma guerra. Na conferência de imprensa de quinta-feira passada, o Comando Central assegurou que os EUA “não têm interesse em envolver-se num novo conflito no Médio Oriente. Defenderemos os nossos interesses mas uma guerra com o Irão não é do nosso interesse estratégico nem do melhor interesse da comunidade internacional.”

Da parte iraniana a mesma promessa de não entrar num conflito armado. Rouhani declarou que “o Irão nunca iniciará uma guerra mas dará uma resposta esmagadora a qualquer agressão”.

Ao mesmo tempo, o governo iraniano acusa os Estados Unidos mas também a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos de promover o “belicismo”.

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