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Teatro A Barraca lança petição e luta pela sobrevivência

Companhia fundada há 37 anos está em risco de suspender as atividades devido aos brutais cortes a que foi sujeita pela secretaria de Estado da Cultura. Quase 2 mil pessoas já assinaram.
A Barraca é um dos grupos cujo repertório mais incide em novos textos dramáticos na abordagem da história e da memória portuguesas

O grupo de Teatro A Barraca, fundado há 37 anos, lançou na Internet uma petição, para que sejam revistos os critérios de avaliação de projetos da Direção-Geral das Artes (DGArtes), que ditam o financiamento do Estado ao setor.

A companhia fundada, entre outros, por Maria do Céu Guerra e Hélder  Costa, afirma que não aceita a classificação de “zero nos parâmetros de Serviço educativo e de Exercício de atividade fora de Lisboa”. “A Barraca não pode ter sido classificada em 31.ª, entre as 54 estruturas teatrais apoiadas”, atesta a companhia.

O texto da petição recorda que A Barraca é dos grupos que acolhe mais companhias e, de forma particular, as da descentralização; que é um dos grupos cujo repertório mais incide em novos textos dramáticos na abordagem da história e da memória portuguesas; que não só tem serviço educativo, como é dos grupos de Lisboa que organiza mais sessões para público escolar.

Alguns dos seus espetáculos são referências

A companhia recorda ainda a sua escola de atores e que é dos grupos com um percurso histórico singular e de elevadíssima projeção nacional e internacional, com alguns dos seus espetáculos como referências do teatro contemporâneo português. Lembra finalmente que é dos grupos de Lisboa que realiza mais espetáculos em itinerância, e que mantém uma pluralidade de atuações: “trabalho social e comunitário, apoio a grupos de amadores, formação, escola de espectadores, descentralização, acolhimento e residências artísticas, trabalho com estabelecimentos de ensino, digressões internacionais, relação de cooperação com os países de língua portuguesa, parcerias com autarquias, intercâmbios artísticos”.

Sem paternalismos

A petição conclui pelo pedido de que a DGArtes reponha a verdade e a justiça, revendo os critérios e atribuindo um financiamento condigno à realidade. “Sem paternalismo, nem favores, mas simplesmente justo”.

A petição é dirigida ao Presidente da República, à presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, “responsável pela pasta da Cultura no Governo de Portugal”, ao secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e ao “líder da oposição", António José Seguro, secretário-geral do Partido Socialista.

Entre os primeiros signatários, que já estão próximos dos 2 mil, encontram-se a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río, o arqueólogo Cláudio Torres, o escritor Mário de Carvalho, a arquiteta Helena Roseta, o catedrático José de Melo Antunes Mendes, o escritor Fernando Dacosta e o frade franciscano Victor Melícias, entre outros.

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