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TAP: Sindicatos preocupados com atraso na retoma dos voos

SITAVA congratula-se com a “recuperação do controlo público na gestão” da empresa e apela a que a TAP retome rapidamente o seu funcionamento com regresso dos trabalhadores, o fim do lay-off e os “aviões a voar”. SNPVAC e associação de pilotos manifestam preocupações semelhantes.
TAP, Frota parada, abril de 2020 – Foto de Mário Cruz/Lusa
TAP, Frota parada, abril de 2020 – Foto de Mário Cruz/Lusa

A TAP está atrasada na retoma”, alerta o SITAVA

Em comunicado desta terça-feira, 7 de julho de 2020, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) assinala que as empresas do grupo TAP têm estado “quase totalmente paralisadas”, com os trabalhadores em lay-off e com cortes salariais devido à covid-19.

O SITAVA “congratula-se com o cumprimento de uma das suas mais antigas reivindicações, que é a recuperação do controlo público na gestão da TAP”. Destacando a importância do grupo TAP, o sindicato defende que ele é mais do que um conjunto de empresas com o objetivo de transportar passageiros por via aérea e constitui uma “unidade económica”, “responsável por cerca de 2,5% do PIB nacional”.

Sobre a situação atual, o sindicato afirma que “as primeiras medidas urgentes a tomar são o regresso dos trabalhadores aos locais de trabalho, o fim do lay-off, o lançamento de voos para venda, e ver, de novo, os aviões a voar” e aponta que “a TAP está atrasada na retoma”.

“A percentagem de voos TAP em todos os aeroportos nacionais está muito abaixo das outras companhias. Assim a TAP corre sérios riscos de perder quota de mercado e não aproveitar as reservas que vão aparecendo”, alerta ainda o SITAVA.

No comunicado, o sindicato repudia o que chama de “clima de permanente guerrilha” e pergunta: “Mas afinal que TAP é necessária ao nosso país? Será uma “Tapezinha” para definhar, entregando a atividade aérea às companhias estrangeiras? Ou pelo contrário precisamos de uma TAP forte e robusta, com a dimensão necessária para manter o Hub de Lisboa, que garanta, por sua vez, a atividade plena em todos aeroportos nacionais, os postos de trabalho e assim continuar a contribuir para a economia nacional?”

Ao Expresso, José Sousa, secretário-geral do SITAVA, alerta: “na Europa há companhias que já estão a fazer 60% dos voos habituais que tinham antes do início da pandemia de Covid-19. Neste momento a TAP tem menos de 20%”.

"Devia-se ter iniciado a retoma mais cedo", diz SNPVAC

A preocupação do SITAVA com a retoma da atividade da TAP é comum à preocupação do sindicato nacional do pessoal de voo de aviação civil (SNPVAC).

Em declarações ao Expresso, Ricardo Penarroias, da direção do SNPVAC, diz que a preocupação é também com o facto de a maior parte da frota da TAP estar em terra. "Devia-se ter iniciado a retoma mais cedo", diz.

O dirigente sindical refere que é verdade que os grandes mercados da TAP (Brasil e EUA) estão parados, mas considera que a falta de atividade é excessiva. "Não temos visto um trabalho efetivo de defesa da companhia. A TAP devia ter sido mais proativa nesta matéria, se não há clientes, temos de os procurar", defende Ricardo Penarroias.

O Expresso ouviu também a Associação Portuguesa dos Pilotos das Linhas Aéreas (APPLA).

Miguel Silveira, presidente da APPLA, declarou: "Estamos profundamente preocupados. Não sabemos o que irão fazer connosco". "Os pilotos estão a voar muito pouco. Gostávamos de ajudar a preparar o que vem a seguir, mas ninguém falou connosco", sublinha ainda Miguel Silveira.

Sindicatos preocupados com futuro da empresa e dos trabalhadores

Tanto o SITAVA como o SNPVAC estão preocupados com a evolução da relação da TAP com a Azul, de David Neeleman. José Sousa, do SITAVA, afirma: “vemos com alguma preocupação que os representantes de Neeleman continuem a desempenhar tarefas na TAP. Não vemos isso com bons olhos”.

“Este é um período muito importante na vida da TAP, terá de haver uma gestão muito criteriosa das suas finanças, porque há um défice enorme nas contas e terá de ser bem gerido o financiamento. É importante haver alguém mais identificado com o projeto", salienta José Sousa.

Por sua vez, Ricardo Penarroias, do SNPVAC, diz que há muito para esclarecer em relação ao contrato assinado com David Neeleman, apontando que é preciso clarificar o que irá acontecer aos aviões alugados à Azul de Neeleman e que são usados pela Portugália. "Era útil que se fizesse uma auditoria à TAP", conclui o sindicalista.

"Era útil que se fizesse uma auditoria à TAP"

"Desde meados de março já saíram da companhia cerca de 400 tripulantes que estavam com contrato a prazo", diz o sindicalista do SNPVAC, alertando que a reestruturação da empresa já começou. Segundo o jornal, são cerca de 1.300 os tripulantes da TAP que têm contratos a prazo. Desde a privatização da companhia, em 2015, foram contratadas mais 2.000 pesssoas. Tudo indica que irão sair mais.

José Sousa do SITAVA diz que já houve saída de pessoas, apontando que antes da pandemia havia à volta de 10.500 trabalhadores e agora há 9.143. Os sindicalistas do SITAVA e do SNPVAC concordam que se trata do fim de contratos eventuais e a não renovação de contratos a prazo.

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