O jornal francês Le Monde chama-lhe um “voto choque” e sublinha que é a primeira vez que o país, de maioria tradicionalmente de direita, vota maioritariamente uma iniciativa vinda dos sindicatos para fortalecer o Estado Social. Este domingo, a iniciativa popular “Viver melhor a reforma” foi aprovada na Suíça com 58,2% dos votos e uma maioria dos cantões, condição indispensável para que o resultado seja validado. A votos tinha ido o pagamento de um 13º mês aos pensionistas.
Num contexto de aumento da inflação, do lado do Sim tinham-se colocado os sindicatos e partidos com representação parlamentar como o Partido Socialista Suíço e Os Verdes. Pierre-Yves Maillard, presidente da Federação Sindical Suíça (SGB) e um dos protagonistas do referendo, explicava à agência noticiosa AFP que “como um pouco por todo o lado, há uma crise do poder de compra na Suíça. O nível de vida dos reformados desgasta-se”.
Do lado do Não, estava o governo e o conjunto do patronato que agitavam o fantasma da “falência” da Segurança Social, por causa do aumento de 8,33% na despesa que a medida representa, e que ameaçavam com um aumento de impostos caso a medida fosse aprovada. A União Democrática do Centro/Partido Popular da Suíça, de extrema-direita, o partido da coligação governamental com mais representação parlamentar de momento, dizia tratar-se de uma medida “irresponsável” que fará com que “os aproveitadores” esgotem o sistema. Os seus anúncios de campanha mostravam notas de 100 francos suíços a serem sugados para um cano de esgoto.
A votos foi também a proposta de aumentar gradualmente a idade de reforma de 65 para 66 anos. Uns claros 75% da população rejeitaram a proposta que tinha ido a votos por iniciativa da ala jovem do Partido Liberal.