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Submarinos: o estranho caso dos documentos desaparecidos
Já se sabia há tempos que grande parte da documentação da compra dos submarinos adquiridos durante o governo Durão Barroso-Paulo Portas desapareceu, mas é a primeira vez que um documento oficial do próprio Ministério Público o reconhece. Segundo o Jornal de Notícias, o procurador João Ramos, num despacho de 4 de junho que arquivou o inquérito em que era visado o arguido e advogado Bernardo Ayala (o processo principal dos submarinos continua em investigação) afirma que os documentos não estão nos respetivos serviços do Ministério da Defesa.
"Apesar de todos os esforços e diligências levadas a cabo pela equipa de investigação, o certo é que grande parte dos elementos referentes ao concurso público de aquisição dos submarinos não se encontra arquivada nos respetivos serviços [da Defesa], desconhecendo-se qual o destino dado à maioria da documentação", diz o despacho.
Já em 2009, o coordenador do Bloco de Esquerda tinha sugerido que se pedissem os documentos ao então ministro da Defesa e atual dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas que, quando saiu do ministério “levou para casa 61 mil fotocópias de documentos confidenciais, talvez lho pudessem pedir...".
Entrevistado nos Açores pela RTP, porém, Paulo Portas limitou-se a dizer que de férias não tem acompanhado a atualidade política e que o que descobriu foi uma praia ótima para surf.
Houve corruptores, mas ninguém sabe quem recebeu esse dinheiro
Recorde-se que dois ex-gestores da empresa alemã Ferrostaal foram condenados por terem subornado gregos e portugueses para a compra dos submarinos. O ex-cônsul honorário de Portugal em Munique recebeu 1,6 milhões de euros para convencer o governo de Barroso e Portas, mas em Portugal ninguém investiga o destino do dinheiro.
"Houve corruptores mas não sabemos quais foram os corrompidos, sabemos quem subornou mas não sabemos quem foi subornado”, disse em dezembro do ano passado a deputada Cecília Honório. “A verdade é que o Estado português foi lesado e é por isso importante garantir toda a transparência em matérias tão importantes como a corrupção", concluiu.
Num documento divulgado pelo Diário de Notícias no início de 2011, o cônsul honorário de Portugal em Munique Jurgen Adolff descreveu aos gestores da Ferrostaal os encontros que manteve com Paulo Portas, Durão Barroso e o seu assessor Mário David. Mas os três desmentiram esses contactos.
"Luvas" no valor de 62 milhões de euros
Ao todo, a empresa alemã terá pago "luvas" no valor de 62 milhões de euros entre 2000 e 2003 em Portugal e na Grécia para ganhar vantagem sobre a concorrência num negócio que custou mais de mil milhões aos cofres públicos portugueses.
No julgamento na Alemanha, os dois ex-gestores aceitaram declarar-se culpados, em troca da garantia de condenação a dois anos de prisão, mas com penas suspensas. Johann-Friedrich Haun terá de pagar uma coima de 36 mil euros e Hans-Peter Muehlenbeck pagará 18 mil euros. A Ferrostaal integrava o consórcio German Submarine Consortium (GSC), juntamente com os estaleiros Howaldswerke, de Kiel, e a metalúrgica Thyssenkrupp, de Essen.
Comentários
Que pais onde vivemos!... mas
Que pais onde vivemos!... mas a culpa é do povo Português que aceita estas situações sem fazer nada. Eles estão no governo porque nós queremos, é o povo que tem o poder e estas situações só acontecem porque nós deixamos. Somos um bando de anjinhos, um povo de brandos costumes, que aceita que nos roubem nas nossas caras....
Nesta situação não entendo o motivo pelo qual o Dr. Paulo Portas tem de ser poupado, afinal ele era responsável pelo ministério da defesa de onde foram sonegados documentos do estado da responsabilidade dele. Como tal ele deveria estar preocupado em apresenta-los caso contrario deve ser considerado culpado pela fraude (dos milhões que desapareceram)e ser responsabilizado também pelo desaparecimento dos documentos.
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