Submarinos: gestores alemães condenados por suborno

20 de dezembro 2011 - 15:28

Dois ex-gestores da empresa Ferrostaal foram condenados por terem subornado gregos e portugueses. O ex-cônsul honorário de Portugal em Munique recebeu 1,6 milhões de euros para convencer o governo de Barroso e Portas, mas em Portugal ninguém investiga o destino do dinheiro. A deputada bloquista Cecília Honório estranha "o silêncio da justiça portuguesa".

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Ao contrário da Alemanha, a justiça portuguesa acha que o caso dos subornos no negócio dos submarinos não tem pernas para andar. Foto Ana Feijão

"Houve corruptores mas não sabemos quais foram os corrompidos, sabemos quem subornou mas não sabemos quem foi subornado. A verdade é que o Estado português foi lesado e é por isso importante garantir toda a transparência em matérias tão importantes como a corrupção", disse a deputada do Bloco de Esquerda em reação à notícia da condenação dos dois gestores alemães.

Segundo a agência Lusa, o cônsul honorário Juergen Adolff, que foi exonerado do cargo quando surgiu a acusação da justiça alemã, continua sob investigação em Munique e poderá ainda ser julgado por corrupção passiva. A acusação do processo que agora condenou os antigos gestores da empresa é omissa em relação a eventuais encontros que Adolff terá tido com elementos do Governo ou do Ministério da Defesa de Paulo Portas.



Num documento divulgado pelo Diário de Notícias no início deste ano, Jurgen Adolff descrevia aos gestores da Ferrostaal os encontros que manteve com Paulo Portas, Durão Barroso e o seu assessor Mário David. Os três desmentiram esses contactos.



Ao todo, a empresa alemã terá pago "luvas" no valor de 62 milhões de euros entre 2000 e 2003 em Portugal e na Grécia para ganhar vantagem sobre a concorrência num negócio que custou 880 milhões aos cofres públicos portugueses. A justiça portuguesa nunca foi atrás do rasto do dinheiro recebido por Adolff e o processo aberto no caso dos submarinos diz apenas respeito ao negócio das contrapartidas, que envolve empresários portugueses. Boa parte dessas contrapartidas incluídas na venda dos submarinos nunca foram concretizadas, o que o transforma num negócio ainda mais ruinoso para Portugal.



No julgamento na Alemanha, os dois ex-gestores aceitaram declarar-se culpados, em troca da garantia de condenação a dois anos de prisão, mas com penas suspensas. Johann-Friedrich Haun terá de pagar uma coima de 36 mil euros e Hans-Peter Muehlenbeck pagará 18 mil euros. A Ferrostaal integrava o consórcio German Submarine Consortium (GSC), juntamente com os estaleiros Howaldswerke, de Kiel, e a metalúrgica Thyssenkrupp, de Essen.