Submarinos: executivos alemães admitem ter pago suborno

15 de dezembro 2011 - 19:19

Ex-representantes da empresa Ferrostaal, julgados na Alemanha, reconhecem ter pago subornos na Grécia e em Portugal para garantir a venda de submarinos.

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A queixa não menciona eventuais reuniões que Adolff terá promovido com membros do governo português, cujo primeiro-ministro era Durão Barroso, e em que Paulo Portas era ministro da Defesa.

Dois ex-executivos da Ferrostaal e a própria empresa aceitaram a proposta de conciliação do tribunal para evitar serem condenados a mais de dois anos com pena suspensa. Ao fazê-lo, admitiram ter pago subornos na Grécia e em Portugal, neste caso ao ex-cônsul honorário em Munique, Jürgen Adolff.

Johann-Friedrich Haun e Hans-Peter Muehlenbeck terão de pagar uma coima de 36 mil euros e 18 mil, respetivamente, e serão condenados a uma pena suspensa que não excederá dois anos.

A Ferrostaal, também arguida no processo por crime de obtenção de vantagem económica através dos seus dois funcionários, terá de pagar uma coima de 140 milhões de euros.

Tanto Haun como Muehlenbeck admitiram, no decorrer da primeira audiência do julgamento, que pagaram subornos na Grécia e em Portugal para conseguir que ambos os países se decidissem pela compra de submarinos ao German Submarine Consortium (GSC), que além da Ferrostaal integrava os estaleiros Howaldswerke, de Kiel, e a metalúrgica Thyssenkrupp, de Essen.

Na Grécia, entre os corrompidos esteve o ex-ministro da Defesa grego Akis Tsochatzpoulos.

Já no que se refere a Portugal, a acusação apenas refere que Haun e Muehlenbeck subornaram o ex-cônsul honorário em Munique, Jürgen Adolff, pagando-lhe 1,6 milhões de euros para que o diplomata lhes arranjasse contactos com o governo português.

Mas a queixa não menciona eventuais reuniões que Adolff terá promovido com membros do governo português, cujo primeiro-ministro era Durão Barroso, e em que Paulo Portas era ministro da Defesa.

Em Portugal há ainda um processo jurídico relacionado com as contrapartidas que a parte alemã se comprometeu a pagar, e não cumpriu. No final de Janeiro deste ano, o Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu acusar de falsificação de documentos e de burla qualificada nove portugueses arguidos no caso das contrapartidas com a compra de dois submarinos.

Os arguidos são acusados em co-autoria, estando em causa um contrato de contrapartidas entre o Estado Português e o consórcio alemão German Submarine Consortium, do qual faz parte a Man Ferrostaal.