Devolver submarinos permitiria recuperar mil milhões de euros

03 de maio 2011 - 15:06

O Bloco foi ao Ministério das Finanças fazer a devolução simbólica dos novos submarinos da marinha portuguesa, propondo que a sua compra seja anulada de imediato para, desta forma, abater mil milhões de euros na dívida externa.

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Tal como o “Tridente”, ao serviço desde Setembro, o “Arpão” também foi comprado à empresa alemã Ferrostaal, tendo ambos custado mais de mil milhões de euros, verba equivalente ao corte dos salários da Função Pública em 2011. Foto Miguel A. Lopes/LUSA.

O Governo português poderia ter devolvido os dois submarinos comprados à Alemanha devido aos incumprimentos no programa de contrapartidas e recuperado os cerca de mil milhões de euros que pagou pelo equipamento, defende o Bloco.

“Seria possível ter anulado a compra destes submarinos com base no incumprimento das contrapartidas”, afirmou à Lusa a deputada bloquista Rita Calvário, à margem de uma iniciativa do Bloco pela baixa lisboeta, durante a qual vários militantes passearam um submarino feito em esponja, numa alusão satírica à recepção do segundo submarino, “Arpão”, que chegou antecipadamente, na semana passada.

“Quer abater mil milhões à divida externa? pergunte-nos como...” - assim foi anunciada a acção do Bloco. Atravessando toda a Rua Augusta até ao Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço, onde fizeram uma devolução simbólica do submarino, os activistas e dirigentes bloquistas distribuíram folhetos e fizeram-se acompanhar por um “ministro dos Assuntos Profundos”, tecendo críticas ao PS, PSD e CDS-PP por “terem ido ao fundo dos bolsos dos portugueses”.

“A austeridade não é inevitável, há alternativas, a compra dos submarinos mostra como existem despesas que são inúteis e que podemos ter políticas alternativas para combater a dívida sem necessariamente cortar salários e nas pensões”, disse Rita Calvário, notando que o corte nos salários na função pública em 2011 foi precisamente de mil milhões de euros.

A compra dos submarinos está envolta em grande polémica, com suspeitas de corrupção e negócios de contrapartidas mal explicados. Na Alemanha, os responsáveis da Ferrostaal, empresa que vendeu os submarinos, enfrentam um processo em tribunal. Por cá, “Paulo Portas e José Sócrates, responsáveis políticos pelo negócio, ainda não tiveram de prestar contas sobre as dúvidas que se levantam”, lembra o Bloco.