Antirracismo

Solidariedade com Cláudia Simões volta à rua no próximo sábado

10 de setembro 2024 - 12:18

Manifestação de solidariedade com Cláudia Simões surge depois de condenação a 1 de julho. Carta de solidariedade fala em "exemplo explícito de racismo institucional".

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Ilustração de Cláudia Simões
Ilustração do movimento de solidariedade com Cláudia Simões

O movimento antirracista convocou uma manifestação nacional familiar para o próximo sábado, dia 14 de setembro às 16h no Estabelecimento Prisional de Lisboa, exigindo justiça na sentença e reparação para Cláudia Simões “após condenação injusta no dia 1 de julho de 2024”.

É mais uma mobilização que decorre da ação discriminatória e do processo legal atribuído a Cláudia Simões após a própria ter sido agredida por um agente da polícia numa paragem de autocarro na Amadora. A 1 de julho de 2024, o sistema judicial considerou Cláudia culpada dos seus próprios ferimentos e dos ferimentos infligidos ao agente Carlos Cunha.

“Este caso é um exemplo explícito de racismo institucional nas forças de segurança e nos tribunais portugueses”, lê-se na carta de solidariedade com Cláudia que já foi assinada por cerca de 40 associações e muitas centenas de ativistas. “A violência infligida a Cláudia Simões durante o julgamento e a sentença que a condena evidenciam a necessidade urgente de uma revisão profunda das práticas policiais e judiciais no país”.

A manifestação é dirigida também ao sistema judicial português. No fecho da leitura do acórdão, o Tribunal apontou à opinião pública e ao movimento antirracista para reclamar que a agitação social era derivada de “falsas assunções” construídas num quadro de “idiossincrasias”, “mundividências” e “preconceitos”, ou seja, preconceitos contra os próprios polícias.

A carta de solidariedade indica que Cláudia Simões se prepara para recorrer da decisão do tribunal e apela à participação na manifestação deste sábado, contando entre os signatários a Djass - Associação de Afrodescendentes, Afrolink, SaMaNe, Vida Justa, Vozes de Dentro, Solidariedade Imigrante e SOS Racismo.

Para além de reivindicar justiça por Cláudia Simões, a mobilização lembrará também as mortes de Danijoy Pontes e Daniel Rodrigues dentro do sistema prisional, há três anos. Apesar da forte presença do movimento social a exigir explicações para as suas mortes, os sistemas judicial e penal não ofereceram nenhuma transparência. A manifestação parte por isso do Estabelecimento Prisional de Lisboa e desfila até ao Martim Moniz.