Trabalho

Siemens corta 6.000 postos de trabalho, sindicato alemão sublinha contradições

01 de abril 2025 - 18:26

O IG Metall fala num “erro estratégico” que compromete a estratégia tecnológica da empresa e choca com os nove mil milhões de euros de lucro líquido em 2024, exigindo pelo contrário maior formação para os trabalhadores.

PARTILHAR
IG Metall Siemens.
IG Metall Siemens. Foto de Roadrunner38124/Flickr.

A multinacional alemã Siemens anunciou que vai cortar 6.000 postos de trabalho. Perto de metade, 2.850, serão no seu país de origem. A unidade de indústrias digitais será a mais afetada, tendo de cortar 5.600 postos de trabalho até ao fim do ano fiscal de 2027, 2.600 deles na Alemanha. No setor do carregamento de veículos elétricos, os cortes serão de 450 lugares, 250 dos quais onde está sediada.

Em comunicado, a empresa alega que “a queda na procura, principalmente nos mercados chinês e alemão, associada a um aumento de pressão da concorrência, reduziu significativamente as encomendas e as receitas do setor da automatização industrial”.

No que diz respeito à secção de carregamento de veículos elétricos, os cortes serão de um terço do total da força de trabalho, defendendo-se que há uma intensa concorrência e limitadas possibilidades de crescimento.

A Siemens tentou ainda fazer passar a mensagem que a maior parte dos cortes serão feitos através de saídas voluntárias e não de despedimentos.

Aos cortes opõe-se o sindicato alemão IG Metall, que diz em comunicado que estes são “um erro estratégico”, comprometem a estratégia anunciada de transformá-la numa “empresa tecnológica única” e chocam com os nove mil milhões de euros de lucro líquido no ano passado.

De acordo com Juergen Kerner, vice-presidente da IG Metall e membro do conselho de supervisão da Siemens, esta transformação necessária “não é conseguida através da redução de pessoal, mas através de mudanças positivas, sobretudo através de um maior desenvolvimento e formação dos trabalhadores.” Acrescenta que a “contradição” da situação da empresa “cria uma enorme incerteza” e “esmaga” a confiança.

Os cortes de emprego têm atingido a outrora altamente poderosa indústria automóvel alemã. A Audi anunciou o corte de 7.500 postos de trabalho no seu país até 2029, a Volkswagen, que a detém mas que é uma marca própria, vais mais longe e planeia cortar mais de 35.000 em cinco anos, e a Porsche acabará com 3.900. Também os fornecedores Robert Bosch GmbH, Schaeffler AG e ZF Friedrichshafen AG anunciaram cortes de milhares de postos de trabalho.

À Lusa, a Siemens Portugal indica que não é esperado um “impacto relevante” no nosso país e que esta “continua a reforçar as suas equipas na maior parte das áreas em que atua”, sublinhando que contratou “nos primeiros cinco meses do corrente ano comercial” mais 80 trabalhadores. O total de trabalhadores que emprega supera agora os 4.170.