O filme, que está inserido na competição nacional de longas-metragens do IndieLisboa, foi rodado na sua quase totalidade a bordo de comboios, entre a Rússia, a Ucrânia e a Polónia, para recordar que foi através deste meio que os judeus foram levados para os campos de concentração e extermínio, na II Guerra Mundial.
Em declarações à agência Lusa, o realizador disse que “o horror está no texto e não na imagem, porque a imagem do horror se banalizou. O filme remete para a questão de como representar o horror".
Um filme onde predomina o texto
"Treblinka" é um filme que acontece em viagem e conta com a participação de um restrito grupo de atores destacando-se, entre estes, Isabel Ruth e Kirill Kashlikov.
Refira-se ainda que esta obra tem como característica a prevalência do texto, dito e ilustrado, pelo seu reflexo nas janelas do comboio, como se fossem fantasmas de todas as vítimas.
o horror está no texto e não na imagem, porque a imagem do horror se banalizou
De acordo com a Lusa, "Treblinka" começou por ser um projeto de documentário sobre uma sobrevivente do Holocausto, a realizadora francesa Marceline Loridan-Ivens, hoje com 88 anos e viúva do documentarista Joris Ivens, mas acabou por se tornar num filme-ensaio mais atual sobre horror e sobrevivência.
O realizador afirma que o filme é uma “homenagem a Marceline Loridan-Ivens”, mas também podia ser dos “refugiados do Ruanda ou da Síria”. "É um universo atual de pessoas que trazem consigo aquilo que não podemos entender", sublinha.
“Treblinka” foi construído durante três anos, e é o resultado do cruzamento de depoimentos e leituras sobre o Holocausto, nomeadamente o livro de memórias "Je suis le dernier juif", de Chil Rajchman.
O IndieLisboa já distinguiu o realizador em 2014 pelo documentário "Alentejo, Alentejo", e também pelo documentário "Lisboetas", em 2004.
"Treblinka" foi igualmente selecionado para integrar a programação do festival de cinema documental Visions du Réel, que terminou ontem na Suiça.
Para além da obra de Sérgio Tréfaut a competição portuguesa de longas-metragens do IndieLisboa integra ainda os filmes "Estive em Lisboa e lembrei de você", de José Barahona, "O lugar que ocupas", de Pedro Filipe Marques, e "Paul", de Marcelo Felix.