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Ser ou Não Ser não é questão, mas Evidência!

Ao ir buscar as memórias tristes do Bloco Central liderado por Mário Soares, António Costa deixou a evidência da sua linha política de continuidade e da revelação do PS como partido de alternância e nunca de alternativa. Por Gonçalo Pinto Ferrão
Assinatura do acordo “Bloco Central”, 1983 – Foto de Acácio Soares, disponível em casacomum.org

A questão célebre levantada por Shakespeare na Cena I do Ato III de Hamlet, já em si demonstra um fingido desânimo provocado no dilema vivido pelo príncipe Hamlet, entre a opção em simular o suicídio do seu tio, ou pela morte do mesmo, numa luta frontal e leal. O resultado será sempre a evidência da Morte.

William Shakespeare, num sentido filosófico superior, transforma esta hesitação numa luta interna de pretensa alternativa, quando na realidade nos aponta, ao longo do monólogo, não passar de alternância. Neste quadro ele faz emergir de forma sublime a hipocrisia humana.

O ser humano, como ser político, revela-se inúmeras vezes neste quadro. António Costa não escapa a esta clausura.

Ao ir buscar as memórias tristes do Bloco Central liderado por Mário Soares, mesmo enredado entre momentos históricos dos 600 anos da conquista de Ceuta, dos 40 anos da descolonização e do sentido de país coletivo, Costa deixou a evidência da sua linha política de continuidade e da revelação do PS como partido de alternância e nunca de alternativa.

O enigma e o calar de voz sobre os reais problemas e as reais soluções a apresentar pelo atual Partido Socialista ao país, se para alguns constituíram dúvida, esperança ou expectativa, foram agora clara e de forma transparente esclarecidas.

Os mais atentos sabem contudo, que nesta III República, desde a primeira cena nestes 40 anos de Democracia, as posições históricas do PS são por demais a sua própria Evidência.

António Costa e o PS revelam-se e revêm-se na e pela continuidade desta política austeritária e de aceitação dos dogmas da direita neoliberal.

Não é uma questão de Ser ou não Ser. É o que É, sempre Foi e Será! Não tem questão e não é questionável!

Artigo de Gonçalo Pinto Ferrão

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