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Sem valorização da carreira, muitos enfermeiros estão a sair do país

“Há pessoas todos os dias a ir embora porque estão de rastos, não aguentam”, denunciou Paulo Anacleto. O dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses defendeu que os jovens enfermeiros "devem ser de imediato admitidos" nas unidades do Serviço Nacional de Saúde assim que acabam o curso.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) promoveu esta segunda-feira, na praça 8 de Maio, em Coimbra, um protesto para denunciar os problemas que ainda estão por resolver. Foto de Paulete Matos.

“Se o Ministério da Saúde quer profissionais qualificados tem de os valorizar. Mas não valoriza os enfermeiros especialistas, não há desenvolvimento na carreira e há muito gente a ir embora para o estrangeiro. Há pessoas todos os dias a ir embora porque estão de rastos, não aguentam”, afirmou Paulo Anacleto em declarações à agência Lusa.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) promoveu esta segunda-feira, na praça 8 de Maio, em Coimbra, um protesto para denunciar os problemas que ainda estão por resolver. Em causa está a discriminação entre enfermeiros com contratos individuais de trabalho e com contratos de trabalho em Funções Públicas, a falta de compensação pelo risco e penosidade da profissão e a ausência de desenvolvimento na carreira. Por outro lado, os profissionais queixam-se ainda de não existir uma contabilização de pontos ou da mesma ser incorreta, de muitos enfermeiros especialistas se encontrarem fora da categoria e da avaliação do desempenho continuar por resolver. Os enfermeiros exigem também a admissão de mais profissionais.

“Esta iniciativa é dedicada aos utentes e à população em geral que, na altura mais aguda da pandemia [do novo coronavírus], nos apoiou com palavras e com palmas. É muito agradável, mas as palavras e as palmas não chegam, os enfermeiros estiveram e estão sempre na linha da frente, correm riscos diários e isso não está traduzido na lei”, realçou o dirigente sindical.

Paulo Anacleto defendeu que os jovens enfermeiros que estão agora a acabar o curso “devem ser de imediato admitidos” nas unidades do Serviço Nacional de Saúde.

“Há milhares no estrangeiro que não regressam porque o país não lhes dá condições e muitos a ir embora porque aqui não se sentem valorizados. Mudem-se as regras e haverá enfermeiros “, frisou.

O representante do SEP referiu-se ainda à questão dos salários, apontando que um enfermeiro em início de carreira “vai ganhar pouco menos” do que um profissional “com anos de profissão”. O facto de, no Serviço Nacional de Saúde, quem possuir contratos em funções públicas “ter direitos diferentes” dos enfermeiros com contratos individuais de trabalho também “não faz sentido nenhum” para Paulo Anacleto.

A aposentação tardia dos enfermeiros foi outra das questões levantadas: “Um enfermeiro aposentar-se com quase 70 anos não é de todo viável e diz muito da falta de valorização e da falta de investimento a que os enfermeiros estão sujeitos”, afirmou o dirigente sindical.

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