Em declarações ao Esquerda.net, o médico Bruno Maia, cabeça de lista do Bloco de Esquerda ao círculo do Braga nas próximas legislativas, critica a postura do Partido Socialista por vir “agora prometer negociar com os profissionais de saúde, depois de 18 meses de negociações falhadas com os médicos”.
No programa eleitoral daquele partido, afirma, há “apenas a enumeração de princípios gerais vagos” e “não existe uma única proposta concreta” nem “uma base avançada para retomar as negociações”. Este fala de exclusividade, “sem dizer em que condições, com que majoração e para quem”. E insiste-se que é “o mesmo partido que durante anos seguidos colocou o tema da exclusividade dos médicos no Orçamento do “Estado, sem nunca avançar com a mesma” e que “recusou negociar qualquer proposta de exclusividade do Bloco de Esquerda”.
Para Bruno Maia, “o problema central do SNS” é a questão dos recursos humanos e da “fuga de profissionais para o setor privado e para a emigração”. E aí, “o PS limita-se a enunciar um conjunto muito limitado de princípios, sem concretizar nenhum, sem fazer contas, sem estabelecer objetivos precisos”. Ora, “é preciso mais do que isto para salvar o SNS. São necessárias propostas concretas, contabilizadas, com um horizonte temporal, que mostrem aos profissionais que há um caminho”, realça.
Sobre a proposta avançada pelo PS de obrigar os clínicos a ficarem durante um determinado período no Serviço Nacional de Saúde depois de concluírem a formação na especialidade, diz ser “inútil”. Até porque “já temos experiências semelhantes: médicos que se especializaram com vagas carenciadas ou médicos militares são obrigados a ficar no local de formação por um período determinado. E o que observamos é que esses médicos preferem pagar as indemnizações ao Estado para sair”. Ou seja, “sem criar condições de carreira atrativas, não vamos conseguir fixar médicos especialistas no SNS”, acredita.
Sindicatos também já se manifestaram contra
Quem também já veio criticar esta proposta foi a Federação Nacional dos Médicos. A dirigente sindical Joana Bordalo e Sá, em declarações à SIC, afirma que o PS “tenta amarrar os médicos de forma coerciva, com condições de trabalho que podem piorar” e lembra que “os médicos internos já trabalharam quatro a seis anos” no Serviço Nacional de Saúde”. A situação é assim “inaceitável” e uma limitação grave às liberdades e garantias dos cidadãos”.
Por sua vez, Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, considera as medidas propostas pelo PS como “ilegais” concordando que “põem em causa a liberdade de circulação, a liberdade laboral” de quem estuda. Sendo o período obrigatório no SNS uma proposta que “para além de ser discriminatória é profundamente demagógica e populista”.