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Salamanca: milhares de pessoas protestaram contra mina de urânio em Retortillo

Manifestação deste sábado juntou cerca de 3 mil pessoas, do Estado espanhol e também de Portugal. O deputado do Bloco Pedro Soares participou no protesto e defendeu que é preciso exigir ao governo de Rajoy uma resposta e “o cumprimento das normas internacionais”.
Manifestação deste sábado, em Salamanca, juntou cerca de 3 mil pessoas, do Estado espanhol e também de Portugal.Foto de Romão Ramos.
Manifestação deste sábado, em Salamanca, juntou cerca de 3 mil pessoas, do Estado espanhol e também de Portugal.Foto de Romão Ramos.

A manifestação deste sábado juntou cerca de 3 mil pessoas, do Estado espanhol e também de Portugal, contra a construção, pela mineira Berkeley, de uma mina a céu aberto em Retortillo, na região de Salamanca, a 40 quilómetros de Portugal.

A partir da Plaza Mayor da cidade espanhola de Salamanca, no final da manifestação, o vice-presidente da Quercus, Nuno Sequeira, disse à Lusa que a associação ambientalista irá continuar a “sensibilizar o Governo português” para que tome “uma posição mais firme e muito rápida” sobre o assunto. “A altura para agir é agora, de outra forma o projeto irá avançar”, apelou o ambientalista da Quercus, que aderiu ao protesto convocado pelo movimento cidadão "No a la Mina de Uranio".

Para Nuno Sequeira, “é preciso que o Governo português atue com muita celeridade, no sentido de exigir junto de Espanha que este processo retorne ao início, que a declaração de impacto ambiental que foi emitida pelo Governo espanhol seja declarada nula e seja feita uma nova avaliação de impacto ambiental transfronteiriça”.

“Esta é uma luta que diz respeito não apenas aos espanhóis”, realçou Nuno Sequeira, acrescentando que “a defesa do ambiente, da segurança e também da saúde pública não tem fronteiras” e alertando para “todos os impactos nefastos” que uma mina a céu aberto terá “não só em Espanha, mas também em Portugal”.

O ambientalista adiantou ainda que a tradicional manifestação contra o nuclear, agendada para 10 de junho, decorrerá este ano em Salamanca, porque a mina de Retortillo “está na ordem do dia”.

Pedro Soares: É preciso exigir ao governo de Rajoy uma resposta e “o cumprimento das normas internacionais”

Na manifestação em Salamanca participaram também ativistas do Bloco de Esquerda e o deputado Pedro Soares, que preside à Comissão parlamentar de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação.

Em declarações ao Esquerda.net, Pedro Soares afirmou que “o governo de Rajoy apoia a estratégia da Berkeley Mineira, para a implantação da mina de urânio em Retortillo”. Referindo que o governo português já declarou que Espanha não está a cumprir o Protocolo de Atuação, o deputado do Bloco defendeu que “não é possível continuar a atrasar uma resposta, ao governo espanhol, de exigência do cumprimento das normas internacionais e de respeito pelos direitos de Portugal”.

Pedro Soares lembrou que “o projeto Mina de Retortillo Santidad para exploração de urânio não foi comunicado a Portugal, apesar de estar a poucas dezenas de quilómetros da fronteira e sobre o rio Yeltes, um afluente do rio Douro”. Além disso, continuou, “a própria Agência Portuguesa do Ambiente já reconheceu que o projeto é suscetível de causar impacto em território português, ao nível da contaminação radioativa”

Porém, segundo o deputado bloquista, o governo espanhol recusa-se a admiti-lo e não desencadeou o procedimento para Avaliação do Impacte Ambiental Transfronteiriço, tal como está obrigado pelo Protocolo de Atuação entre Portugal e Espanha e também por normas europeias. Pedro Soares frisou ainda que “desde 2013, pelo menos, que o governo espanhol não informa as autoridades portuguesas e, mesmo depois de ter sido solicitado para o fazer, em 2016, não enviou qualquer informação relevante”.


Foto de Romão Ramos.

“As preocupações expressas na manifestação de hoje, em Salamanca, são as que existem nas populações de Almeida, de Pinhel, de todos os municípios do Douro Superior”, afirmou Pedro Soares, reforçando que “os efeitos da poluição radioativa são devastadores sobre a saúde das pessoas, dos ecossistemas e das perspetivas de desenvolvimento daqueles territórios”.

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