Rússia: Mais de 50 mil pedem renúncia de Putin

24 de dezembro 2011 - 14:06

Manifestantes denunciam a fraude no recente processo eleitoral, exigem novas eleições e a demissão do atual primeiro-ministro, assim como a libertação dos presos políticos e a elaboração de uma nova legislação eleitoral.

PARTILHAR
Manifestantes encheram a av. Sakharov

Cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores (21 mil segundo a polícia) concentraram-se este sábado na Avenida Sakharov, no centro de Moscovo, para denunciar a fraude que afirmam ter ocorrido nas recentes eleições parlamentares e exigir a realização de novas eleições e a demissão do primeiro-ministro Vladimir Putin.

Os manifestantes têm uma lista de exigências que inclui a libertação dos presos políticos; a elaboração de uma nova legislação eleitoral não para 2013, como prometeu o presidente Dmitri Medvedev, mas para a realização de um escrutínio antecipado em 2012, e a demissão de Vladimir Tchurov do cargo de presidente da Comissão Eleitoral da Rússia.

"Não abandonaremos as praças enquanto as nossas reivindicações não forem cumpridas", afirmou Vladimir Rijkov, um dos organizadores do comício.

Duas horas depois de ter começado o comício, as pessoas ainda continuavam a acorrer à avenida. O escritor Grigori Chjartashvili, mais conhecido pelo pseudónimo de Boris Akunin, propôs batizar o novo movimento de “Rússia Honesta”. E acusou o atual regime de estar constantemente a mentir e a roubar, apelando à mobilização para mandar Putin para a reforma, e não para o Kremlin. O atual primeiro-ministro é de novo candidato a presidente pelo partido Rússia Unida, o vencedor das eleições que a oposição contesta.

Entre os oradores estiveram o ex-viceprimeiro-ministro Borís Nemtsov, que pediu a renúncia de Putin, uma exigência que aparecia em numerosos cartazes e que foi secundada por muitos outros oradores. Mikhail Gorbachov, que tinha anunciado que estaria presente, afinal não foi, mas disse apoiar as exigências dos manifestantes.

Entre os oradores, causou surpresa a presença do ex-ministro das Finanças Alexéi Kudrin, que disse estar a favor de aplicar o código penal aos responsáveis das falsificações nas últimas eleições. Houve manifestações semelhantes em muitas outras cidades.