“Quero dizer aos que têm promovido a escalada da corrida aos armamentos nos últimos 15 anos, para conseguirem vantagens unilaterais sobre a Rússia, e impor restrições e sanções: a tentativa de refrear a Rússia fracassou”, anunciou Vladimir Putin no discurso anual do estado da Nação, que ocorre em vésperas da campanha para as presidenciais de 18 de março.
O presidente russo destacou os testes ao míssil RS-28 Sarmat, que alega poder voar quase onze mil quilómetros com quinze ogivas nucleares, podendo assim atingir alvos em qualquer ponto do planeta. E também mencionou o míssil hipersónico Kinzhal, que se move a dez vezes a velocidade do som, tornando ineficazes quaisquer sistemas antimíssil. O anúncio destas armas foi acompanhado de animações em vídeo sobre o seu desempenho e fortes aplausos dos deputados presentes na sessão.
Vladimir Putin justificou o investimento em novas armas nucleares com o abandono dos EUA do tratado assinado em 1972 por Nixon e Brejnev para limitar o número de mísseis antibalísticos. A presidência de George W. Bush decidiu em 2002 abandonar o tratado por entender que reduzia a capacidade norte-americana de se defender de futuros ataques terroristas ou de estados-pária. “Nessa altura, não quiseram ouvir-nos. Pois bem, ouçam-nos agora”, desafiou Putin no discurso desta quinta-feira.
No início de fevereiro, a Casa Branca anunciou o reforço do seu arsenal de armas nucleares com uma potência semelhante às que os EUA lançaram sobre Hiroshima na II Guerra Mundial.