Violência policial na Cova da Moura

PSP admite que vítima não estava armada e carro não era roubado

23 de outubro 2024 - 21:36

PSP clarifica que carro onde vítima circulava era do próprio. Agente da polícia contradiz versão da PSP e diz que Odair Moniz não estava armado.

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Conferência da PSP
Conferência da PSP. Fotografia de Miguel A. Lopes/Lusa

Nas últimas horas, a Polícia de Segurança Pública (PSP) admitiu que o carro onde Odair Moniz seguia antes de ser baleado pela polícia não era afinal roubado e que os agentes que o alvejaram mortalmente não foram realmente ameaçados com uma arma branca.

O relato inicial da PSP colocava a vítima mortal do ato de violência policial como agressor violento, mas os dois agentes envolvidos na morte de Odair Moniz na madrugada da passada segunda-feira reconhecem, em declarações prestadas à investigação sobre o caso, que não foram ameaçados diretamente por Odair com uma arma branca em punho, avança a CNN.

Um dos agentes admite ter feito três disparos, um para o ar e dois que atingiram a vítima na axila e no abdómen. Os polícias alegam que terá havido um confronto físico na tentativa de detenção, mas reconhecem que não houve arma branca envolvida, apenas identificam uma faca, que estaria dentro de uma bolsa, e que não foi usada pela vítima em qualquer circunstância.

Da mesma forma, a PSP admitiu que o carro onde Odair circulava pertencia ao próprio e não foi roubado, como inicialmente circulou pelos órgãos de comunicação social. “Não sei onde foram buscar essa informação”, disse um dos oficiais numa conferência de imprensa que juntou vários responsáveis da PSP.

Odair Moniz foi morto por agentes da Polícia de Segurança Pública na madrugada da passada segunda-feira, na Cova da Moura, em Lisboa. Nas últimas noites, os moradores do bairro do Zambujal saíram à rua para protestar a violência policial. Na noite da passada terça-feira, um grupo de polícias encapuçados arrombou a porta do prédio da viúva de Odair Moniz e entrou pelo prédio a dentro.