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PS, PSD, CDS e IL impedem auditoria à gestão privada da TAP

A iniciativa do Bloco de Esquerda que “recomenda ao Governo que seja elaborada uma auditoria à gestão privada da TAP” foi chumbada pela maioria à direita com o PS.
“Desde 2015 que há várias opções da gestão privada que foram deixando dúvidas e merecem esclarecimento”, sustenta Isabel Pires.
“Desde 2015 que há várias opções da gestão privada que foram deixando dúvidas e merecem esclarecimento”, sustenta Isabel Pires. Foto de Andrew Nash, via Flickr.

A privatização da TAP, lançada em 2015 pelo governo PSD/CDS “mesmo depois de saber que não se manteria no governo”, foi “um desastroso negócio para o Estado, decorrente de políticas de austeridade”, descreve a deputada Isabel Pires no projeto de resolução que defendeu esta quarta-feira na Assembleia da República.

“Desde 2015 que há várias opções da gestão privada que foram deixando dúvidas e merecem esclarecimento”, sustenta, nomeadamente “a relação que a gestão privada manteve com a companhia Azul, ao nível do leasing de aviões; as perdas geradas ao longo de anos pela operação de manutenção e engenharia no Brasil; a decisão de sobredimensionar a frota de aviões bem acima do delineado no plano estratégico acordado com o Governo (numa tentativa de ter uma avaliação da empresa mais vantajosa para o acionista privado)”.

Por isso, o projeto de resolução “recomenda ao Governo que seja elaborada uma auditoria à gestão privada da TAP”. No debate que aconteceu esta quarta-feira na véspera da votação, a deputada bloquista Isabel Pires explicou que o objetivo é apurar responsabilidades da gestão com que o acionista David Neeleman deixou a companhia aérea. “Se a pandemia veio trazer uma situação difícil para todo o setor da aviação civil, também é verdade que a gestão privada da TAP deixou marcas que ainda hoje se sentem“.

Apenas os deputados do PCP, o partido ecologista Os Verdes e o PAN declararam apoio. A deputada Inês Sousa Real, do PAN, explicou pretender que a análise “permita identificar e quantificar todas as ações que possam ser suscetíveis de ter lesado interesse público”.

Já o Iniciativa Liberal, que votou contra a proposta do Bloco de Esquerda, pretende também realizar uma auditoria, mas centrada na “renacionalização da TAP para ver se, desta vez, a culpa não morre solteira“, e não na gestão da empresa.

PS e CDS-PP justificaram o voto contra o projeto por considerarem que é tempo de focar na reestruturação em vez de uma auditoria. “Estamos numa fase complexa de definir o plano de reestruturação da TAP e não me parece ser o momento certo para fazer uma auditoria a qualquer gestão, quer seja pública ou privada”, explicou Carlos Pereira, do PS. “Estamos muito empenhados em encontrar um plano de reestruturação da TAP que permita garantir a sustentabilidade da TAP e proteção dos trabalhadores”.

 

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