TAP: "Governo deve afastar acionista privado" em vez de se esconder atrás dele

25 de junho 2020 - 13:10

Após uma reunião com estruturas representativas dos trabalhadores da TAP e da Groundforce, Catarina Martins disse que a “TAP está a ser liquidada” e o Governo deve “agir para manter a empresa”.

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Catarina Martins, fala aos jornalistas após a reunião com representantes de trabalhadores da TAP, da Groundforce. Foto de Miguel A. Lopes / Lusa

Catarina Martins esteve reunida na manhã desta quinta-feira com estruturas representativas dos trabalhadores da TAP e da Groundforce, na véspera da discussão no Parlamento dos projetos para a nacionalização destas empresas. Após a reunião, em declarações à imprensa, a coordenadora do Bloco disse que o Governo deve afastar o acionista privado e evitar o desbaratar do investimento público que foi feito durante anos na TAP.

“Neste momento há um braço de ferro entre o Governo e os acionistas privados, que impede que se atue” e enquanto não há intervenção do Governo sobre a TAP, esta está a ser reestruturada da pior forma.

Desde o início da pandemia, centenas de trabalhadores já foram despedidos, entre trabalhadores temporários, trabalhadores com contratos a termo e, se nada for feito, nos próximos meses chegaremos aos “milhares de trabalhadores despedidos”. A juntar a isto estão as recentes decisões da administração da empresa sobre as ligações e os voos, que estão a fazer com que a companhia aérea esteja a perder rotas para concorrentes suas a nível europeu.

Catarina Martins diz que a TAP “está a ser liquidada” e todos os dias a empresa está a perder capacidade. A coordenadora do Bloco acrescentou que “o pior que poderia acontecer ao país era o Governo manter o braço de ferro e, se tem mecanismos para intervir, deve fazê-lo agora”.

Para o Bloco a TAP é “essencial para a coesão territorial, desde logo para ligação às regiões autónomas” e, Portugal não pode ficar dependente de “existir, ou não, outro país que queira fazer as ligações essenciais à população e à economia” afirmou Catarina Martins. “Quem acha que a TAP é importante, e sabe como foi ruinoso o processo de privatização, deve agir para manter a empresa”.

A coordenadora do Bloco relembrou que a União Europeia já alterou as regras para permitir, face à crise da covid-19, que os estados possam intervir nas companhias de bandeira, injetando o capital necessário e nacionalizando essas companhias. “Portugal deve fazer o mesmo”.

“O Governo não pode continuar a esconder-se atrás de um acionista privado que é, de facto lesivo para a TAP, tem de afastar esse acionista privado”.

Catarina Martins diz que se o Estado não intervier agora, pode ser tarde demais. Neste compasso de espera, a TAP pode perder todo o interesse estratégico para o país, “o que terá um custo económico e de coesão avassalador” e será o “desbaratar” de todo o investimento público que o país fez na companhia, ao longo de várias décadas.