Na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, realizada após a sessão de boas-vindas ao Presidente brasileiro Lula da Silva, o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa trouxe uma novidade, ao afirmar que Portugal deve um pedido de desculpa, mas acima de tudo deve assumir plenamente a responsabilidade pela exploração e pela escravatura no período colonial.
"Não é apenas pedir desculpa – devida, sem dúvida – por aquilo que fizemos, porque pedir desculpa é às vezes o que há de mais fácil, pede-se desculpa, vira-se as costas, e está cumprida a função. Não, é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República diz que a colonização do Brasil também teve fatores positivos, "a língua, a cultura, a unidade do território brasileiro", mas "de mau, a exploração dos povos originários, denunciada por António Vieira, a escravatura, o sacrifício do interesse do Brasil e dos brasileiros". E este é "um pior da nossa presença que temos de assumir tal como assumimos o melhor dessa presença. E o mesmo se diga do melhor e do pior, do pior e do melhor da nossa presença no império ao longo de toda a colonização".
Na parte final do discurso, Marcelo referiu-se ainda à "vocação histórica" de Portugal no acolhimento de imigrantes e perguntou “como podemos nós ser pátria de emigração ser egoístas com os emigrantes dos outros?”
"Reconhecer a História é reconhecer a violência colonialista e a responsabilidade que Portugal também tem",
Na reação ao discurso presidencial, Catarina Martins destacou as palavras sobre a colonização "que ainda não tinham sido ditas desta forma por um representante do Estado português".
"Registamos que o Presidente da República não só pediu desculpas pela violência da colonização portuguesa como diz que Portugal tem de assumir responsabilidades pela violência que foi essa colonização. Faltava esta palavra há muito tempo e ela chegou hoje e acho que este é um momento importante.
"Reconhecer a História é reconhecer a violência colonialista e a responsabilidade que Portugal também tem", acrescentou Catarina, considerando ainda "muito oportuno que o Presidente da República tenha denunciado a hipocrisia daqueles que atacam imigrantes e a imigração num país que é ele feito de imigrantes e tem comunidades espalhadas por todo o mundo".
