O cabaz básico de bens alimentares que tem vindo a ser analisado pela Deco Proteste subirá de preço de 250 euros para 270. Por um lado, termina a partir de dia 5 o “IVA zero”, a medida que temporariamente cortou o imposto a 46 produtos considerados essenciais, o que resulta num aumento de 6%, por outro há uma “atualização generalizada do preço de vários produtos” habitual em janeiro de cada ano.
A caraterização é do Expresso que na sua edição semanal faz uma revisão destas subidas de preços e é também sua a expressão “novo recorde histórico” para se referir ao nível atingido por esta cesta básica.
Em comparação com janeiro de 2023 o aumento será de 63 euros. Contudo, a Deco Protesto faz também uma análise crítica do IVA zero, explicando que nunca houve “uma passagem integral do benefício” para os consumidores. No momento em que foi aplicado, por exemplo, os bens deixaram de pagar 6% de imposto mas os preços só desceram em média “apenas 3,36%”. Apesar de notar alguma contenção de subida de preços, a associação de consumidores também informa que a partir de setembro estes “retomaram a subida”. Assim, esta semana, quando a medida está a chegar ao fim o preço é mais alto do que era quando ela foi aplicada e “há mesmo produtos que hoje estão bastante mais caros do que antes de lhes ter sido retirado o IVA, com subidas superiores a 25% e a 30%, como é o caso, por exemplo, da laranja, dos brócolos e do azeite”.
Ouvido pelo mesmo jornal, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral do grupo patronal dos super e hipermercados, a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, confirma a subida e estima que haverá um “aumento superior a 10%”, 5% de “atualização” de preços somados aos 6% da reposição do IVA. Sendo que “há produtos que aumentarão mais. O azeite, por exemplo, poderá subir mais de 15%”. Para ele, estes aumentos “refletem a subida de todos os custos de produção, impondo inevitavelmente um aumento dos preços finais”, mas não se sentirão de imediato porque é preciso escoar antes os produtos que têm os preços atualmente em vigor.
O mesmo patamar de mais de 10% e a mesma palavra de ordem da “inevitabilidade” faz parte também do discurso de outro representante dos patrões, Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal. Para ele, “não há alternativa à subida de preços quando aumentam todos os fatores de produção, como a luz, os transportes ou as portagens”. E culpa ainda o aumento do salário mínimo porque faria “aumentar os custos em toda a cadeia, desde os produtores à indústria e à distribuição”.
E há muitos mais aumentos de preços
Esta subida dos bens alimentares não é a única má notícia que chega para os trabalhadores com a passagem de ano. Aumentam, por exemplo, as rendas de casa, a eletricidade, as telecomunicações e alguns dos transportes públicos.
O Público faz o diagnóstico destas subidas começando pelas rendas de casa que poderão ser atualizadas em perto de 7% de acordo com as normas do Novo Regime do Arrendamento Urbano que liga estes aumentos à variação média no ano, medida em agosto, do índice de preços depois de retirados os preços referentes a habitação. Tendo sido este número de 6,94%, tal pode-se traduzir em aumentos de 6,94 euros por cada cem euros de renda. O que quer dizer que uma renda de 500 euros pode subir até aos 534,7 exemplifica aquele jornal.
Uma “tradicional” subida de preços é a das telecomunicações que seguirão o Índice de Preços no Consumidor de 2023 e que acontecerá no início de fevereiro.
A tarifa regulada da eletricidade sobe 3,7% em janeiro, custo que vai atingir os 900 mil clientes que estão neste sistema. O jornal exemplifica da seguinte forma este aumento: “um casal sem filhos pagará em média mais 1,05 euros face a Dezembro e um casal com dois filhos terá um aumento médio de 3,27 euros”.
As taxas aplicadas pela ANA às transportadoras aéreas aumentam acima da inflação: no aeroporto de Lisboa em média 12,45%, em Beja 8,77%, na Madeira 7,92%, nos Açores 7,47%, em Faro 7,41% e no Porto 7,39%. Estas taxas têm depois influência nos preços aplicados ao consumir.
Também as comissões bancárias poderão ficar mais caras. O Novo Banco, pelo menos, já informou de uma subida de custo em vários serviços a partir de 8 de janeiro.
Água e saneamento dependem de cada município mas sabe-se de aumentos de 4,2% em Tomar e Sardoal, de 3,3% em Torres Vedras, de 3,3% em Leiria e de 5,36% nas águas de Coimbra.
No caso dos transportes públicos, os passes mantêm-se ao mesmo custo em Lisboa e Porto mas a Carris aumentará em dez cêntimos os preços dos bilhetes, no metro um bilhete passa a ser de 1,80 e no Porto os bilhetes aumentem 6,43%. Igual aumento será aplicado pela CP.
Por usa vez as portagens aumentam pelo menos 2,04%.