O mega-concerto organizado pelo Sindicato de Professores da Grande Lisboa (SPGL) animou o final do dia da Greve Geral, juntando milhares de pessoas na Praça da Figueria, em Lisboa, para ouvir Jorge Palma e Camané, que abriram o espectáculo, mas também Janita Salomé, José Mário Branco, Rui Curto, Tony da Costa, João Gil e Paulo Ribeiro.
No início do concerto, o presidente do SPGL, António Avelãs, falou ao público, saudando a grande mobilização verificada na Greve Geral. As intervenções que aconteceram já no final do concerto, foram variadas e contaram com a participação de Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, Bruno Cabral, dos Intermitentes do Espectáculo e do Audiovisual, Libério Domingues, da União de Sindicatos de Lisboa, e Carvalho da Silva, Secretário-geral da CGTP-IN.
Na sua intervenção, Carvalho da Silva saudou o acontecimento do dia 24 de Novembro, o qual apelidou de “extraordinária greve geral, extraordinária luta dos trabalhadores”. O líder da maior central sindical do país, que em conjunto com a outra sindical, a UGT, convocou a Greve Geral, lembrou que tal foi conseguido por pessoas “que vivem com muitos sacrifícios, porque há milhares com rendimentos muito baixos e que vivem numa situação de precariedade levada ao limite, e para quem foi muito custoso perder um dia de salário”. “Mas fizeram-no com coragem”, reiterou.
Mais de 3 milhões de trabalhadores estiveram envolvidos na Greve Geral, disse Carvalho da Silva, que sublinhou alguns sectores onde esta foi mais forte. Referiu-se ao sector do ensino, enaltecendo o facto de a maioria das escolas do país terem estado encerradas, algo que se conseguiu com a convergência de outros sectores e diversos trabalhadores. Também a adesão nas universidades foi “extraordinariamente importante”, referiu ainda.
Carvalho da Silva falou à multidão que preenchia a Praça da Figueira sobre a “excepcional participação do sector da saúde” na greve, bem como a dos tribunais que apenas cumpriram serviços mínimos. E lembrou também a forte adesão à greve nos transportes, referindo o Metro de Lisboa, a Transtejo, a Soflusa, e os quase 100 por cento de adesão no Metro do Porto e nos STCP.
O líder da CGTP referiu ainda um facto curioso, comentando os números muito negativamente inflacionados que foram avançados pelo Governo logo no início da manhã da greve: “A Ministra do Trabalho quase não errava nos números, pois disse que a paralisação se situava entre os 5 e os 95 por cento”.
No final, Carvalho da Silva afirmou que “não podemos permitir mais as injustiças que foram sendo aplicadas ao longo do ano”, referindo que “em nome da crise” os governantes do país impuseram os cortes nos apoios sociais, no apoio aos estudantes, “mas não nos bónus dos ricos”.