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Polícia escocesa admite racismo, sexismo e misoginia na instituição

Em resposta a um relatório que aponta casos de reiterada discriminação, o chefe da polícia escocesa, Iain Livingstone, afirma que reconhecer o racismo institucional é o primeiro passo para recuperar a confiança da comunidade.
Iain Livingstone
Iain Livingstone. Foto da Polícia da Escócia.

Num encontro da autoridade policial escocesa esta quinta-feira, o responsável pela polícia da Escócia, Iain Livingstone, quis deixar claro que "o racismo, sexismo, misoginia e discriminação institucionais são uma realidade" no interior da polícia que comanda.

"Reconhecer publicamente que estas questões existem a nível institucional é essencial para o nosso compromisso absoluto de defender a igualdade e de nos tornarmos um serviço anti-racista", prosseguiu Livingstone, citado pelo jornal The National.

"O preconceito e o mau comportamento no seio da polícia, tal como salientado pelos processos judiciais e de conduta, por várias análises independentes e pela auscultação dos nossos próprios agentes e funcionários ao longo dos últimos anos, é, com razão, motivo de grande preocupação e é absolutamente condenado", acrescentou o responsável policial que deixará o cargo em agosto, esperando que este reconhecimento possa funcionar como um "catalisador" para a mudança na instituição.

O relatório independente que aponta casos de discriminação contra as comunidades minoritárias no país refere também "a desconfiança e o medo" dos próprios agentes em levantarem o assunto junto da hierarquia, com alguns casos de agentes que foram castigados por o fazer. Foi o caso da agente Rhonda Malone, que foi indemnizada em cerca de um milhão de libras na sequência de represálias pelas suas denúncias de discriminação sexual, ou de Sheju Bayoh, morto sob custódia policial após ter sido detido por seis agentes há oito anos, são dois dos casos analisados.

O primeiro-ministro escocês Humza Yousaf reagiu às declarações do responsável policial, considerando-as "históricas" e dizendo ter sofrido na pele aquela discriminação ao ser "revistado dezenas de vezes quando era rapaz, fosse no meu carro ou a andar com amigos na rua ou em aeroportos".

Além de melhorar o processo de seleção de agentes, a polícia escocesa lançou no ano passado uma estratégia que inclui formação obrigatória a cinco mil agentes e funcionários para combater a discriminação dentro e fora do corpo policial.

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