Parlamento catalão condiciona apoio a Sánchez à discussão sobre novo referendo

29 de setembro 2023 - 18:37

Com os votos da Esquerda Republicana e Junts e a abstenção da CUP, o parlamento da Catalunha aumenta a pressão nas negociações para a investidura do próximo governo espanhol.

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Sessão do parlamento catalão esta sexta-feira.
Sessão do parlamento catalão esta sexta-feira. Foto de Jordi Garcia Monte/Parlamento da Catalunha

No mesmo dia em que o líder do PP volta a ser derrotado no parlamento espanhol, na segunda votação da sua investidura destinada ao fracasso, os partidos catalães que são a chave para a viabilização de um eventual governo PSOE/Sumar continuam a negociar com os socialistas e ao mesmo tempo a aumentar a pressão política para que esse acordo inclua as suas principais exigências. A primeira é a da aprovação de uma lei de amnistia para os crimes do "procés" que culminou no referendo de outubro de 2017 e na posterior declaração unilateral de independência de Carles Puigdemont. E a segunda é a da realização de um novo referendo, desta vez pactado com Madrid e com validade legal.

Esta sexta-feira o parlamento da Catalunha aprovou duas propostas nesse sentido. A da exigência da lei da amnistia contou com os votos da maioria independentista (ERC, Junts e CUP) e também dos Comuns. E a proposta sobre o referendo contou com os votos favoráveis da ERC e Junts e a abstenção da CUP.

O texto aprovado não define prazos para a realização desse referendo, exigindo apenas que o futuro executivo espanhol "se comprometa a trabalhar para tornar efetivas as condições para a celebração de um referendo". Sem surpresas, os socialistas catalães votaram contra a proposta, com o seu líder Salvador Illa a afirmar que a insistência no referendo pode levar ao colapso das negociações e a eleições antecipadas em Espanha.

Por seu lado, os Comuns também criticaram a iniciativa, considerando-a um "erro político" que ofusca a reivindicação da amnistia, que conta com apoio alargado no parlamento catalão e também a abertura da parte da coligação que pretende governar a Espanha.

Na quinta-feira, o líder da ERC, Oriol Junqueras, foi a Madrid reunir com as suas bancadas nas duas câmaras do Congresso de Deputados e recusou traçar linhas vermelhas na negociação da investidura, afirmando que o voto da esquerda republicana "dependerá da atitude do PSOE e do candidato na hora de estar ao lado da cidadania em questões como o financiamento dos serviços públicos, a saúde, os transportes, os caminhos de ferro e também no restabelecimento da justiça, que foi pervertida". Com isto referia-se à amnistia, acrescentando que "ninguém deve ser condenado nem perseguido por algo que não é delito, porque a convocatória de um referendo não está no Código Penal, por isso estamos a favor da amnistia".

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