"Esperamos e antecipamos picos de calor muito fortes, muito elevados, e ondas de calor com 50 graus. O clima em Paris vai parecer-se ao de uma cidade como Sevilha no sul de Espanha nos próximos anos", afirmou Dão Lert, vereador de Transição Ecológica de Paris, numa entrevista à EFE.
Dão Lert frisou que a canícula extrema é o "desafio número um" da cidade.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas francês assinala que nos próximos anos serão comuns verões de cerca de 34 dias de onda de calor por ano.
Para converter Paris numa cidade mais habitável, inclusive nos momentos de ondas de calor, o vereador de Transição Ecológica planeia plantar 170.000 árvores até 2026, eliminar parques de estacionamento para convertê-los em zonas verdes até 2030 e reduzir o asfalto em 40%.
"A ideia é passar de uma cidade que é como um radiador, que tem um efeito de uma ilha de calor urbano, a uma cidade que seja um oásis", assinalou Lert.
Outra medida fundamental tem a ver com a arquitetura da cidade, cujos edifícios estão pouco isolados e preparados para as altas temperaturas. Será necessário adaptar os edifícios habitacionais, mas a transformação levanta algumas questões no que respeita à conservação do património parisino, tão ligado à estética dos edifícios haussmanianos.
Os telhados negros, por exemplo, concentrariam menos calor com vegetação ou pintados em cores claras, algo que já está a ser feito em alguns edifícios públicos como bibliotecas.
No entanto, as obras necessárias para melhorar o isolamento no interior são, por vezes, travadas pelas autorizações que velam pela conservação do património. Lert considera que é preciso mudar a doutrina urbanística de Paris.
Em causa está também mudar os ritmos da cidade para aproveitar as horas mais frescas. Os parques, por exemplo, deverão ser acessíveis à noitee as cidades deverão dar refúgio às pessoas sem teto para se protegerem do calor, como acontece com o frio do inverno.
Mais fontes, guarda-sóis e pulverizadores de água pela cidade serão também fazem parte dos planos de Lert e já estão a ser implementados este verão com vista a preparar a cidade para os Jogos Olímpicos de 2024.