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Pandemia comprovou "fragilidade do tecido cultural português", diz Observatório

Resultados preliminares de estudo do Observatório de Políticas de Comunicação e Cultura da Universidade do Minho indicam que metade dos profissionais da cultura sofreram perdas de receitas superiores a 75%.
Um terço das organizações da cultura conta perder 75% dos trabalhadores
Fotografia de Paulete Matos.

A paralisação imposta pelas medidas de confinamento causadas pela covid-19 levou a que um terço das organizações da cultura tenham perdido postos de trabalho. A conclusão é do Observatório de Políticas de Comunicação e Cultura da Universidade do Minho responsável pelo estudo “Impactos da covid-19 no setor cultural português”. 

O Observatório divulgou os resultados de um questionário conduzido no âmbito do estudo, nos quais é possível perceber que perto de metade dos profissionais do setor da cultura observaram perdas superiores a 75% das receitas.

De acordo com os dados aos quais a agência Lusa teve acesso, para cerca de 34% das organizações esta redução deverá situar-se entre 25% e os 75% dos postos de trabalho que existiam antes da paralisação causada pela pandemia de covid-19 e da imposição do estado de emergência. 

O Observatório da Universidade do Minho diz também que no que ao volume de negócios diz respeito, mais de um quarto das organizações (27%) contam ter uma quebra de 75% nas receitas em 2020, enquanto uma em cada cinco (20,9%) admite quebras entre os 50% e os 75%.

Segundo estes dados, perto de metade das entidades contam com perdas superiores a 50% do volume de vendas, em 2020, enquanto só 19,1% das organizações inquiridas não esperam impactos da covid-19 nas suas receitas.

“Ao nível dos profissionais da cultura, 70,5% registarão perdas superiores a 50% no volume de negócios”, noticiou a Lusa. E quase metade (45%) dos profissionais admitem quebras de receita acima dos 75%, enquanto mais de um quarto (25,5%) falam de perdas entre os 50% e os 75%. Já 12,9% estimam perdas entre 25 e 50% do volume de negócio e apenas 3,3% conta ter perdas inferiores a 25%. Há ainda 11,8% que não esperam perder receitas em consequência da pandemia. 

Para o Observatório de Políticas de Comunicação e Cultura, “a demonstração da fragilidade do tecido cultural português constitui uma das consequências mais relevantes da crise provocada pela resposta à pandemia, com a maior precariedade e fragilidade social e económica de todo o setor”. 

Como exemplo, nomearam aqueles que trabalham a recibos verdes (artistas e técnicos) e algumas estruturas de pequenas dimensões. Consideram também que a diversidade cultural é posta em causa com a “não sobrevivência de projetos artísticos de grande valor”.

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