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OMS alerta governos para não continuarem a negligenciar a saúde mental

A área da saúde mental já tinha falta de investimento e prevenção antes da pandemia, mas o isolamento provocado pela covid-19 e a crise social que provocou torna ainda mais urgente o apoio dos governos, alerta a Organização Mundial de Saúde.
Foto de Andy Zurich/Flickr

Este momento de crise sanitária, com a crise económica e social a alastrar e numa altura em que o confinamento já vai longo, também é propício ao aumento dos problemas psicológicos, que poderão estar a ser deixados para segundo plano, segundo refere a Organização Mundial de Saúde (OMS), citada pela agência Lusa.

A área da saúde mental já tinha carências no que respeita ao investimento pré-pandemia, o que poderá agora agravar o problema. Esta situação leva a OMS a alertar os governos para não deixarem o apoio psicológico para segundo plano, considerando que poderá haver um aumento de distúrbios e suicídios.

Segundo Dévora Kestel, do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS, "a situação atual, com isolamento, medo, incerteza e crise económica, pode causar distúrbios psicológicos", o que poderá levar a um enorme aumento de pessoas a precisar de apoio psicológico num futuro próximo.

Apesar de a covid-19 ser uma doença que afeta a nossa saúde física, toda a situação em torno do problema poderá causar problemas do foro mental se não houver uma abordagem adequada.

A OMS alerta nesse sentido os países para que disponibilizem os cuidados necessário, referindo que os principais grupos de risco são "o pessoal de saúde, por causa da ansiedade e do stress que estão a viver, crianças e adolescentes, mulheres em risco de violência doméstica, idosos, devido ao risco de serem infetados, e pessoas com condições mentais pré-existentes ou com outras doenças, para quem é mais difícil continuar a receber tratamento".

Dévora Kestel alerta para números preocupantes de problemas psicológicos, referindo que se não forem adotadas medidas preventivas de apoio psicológico, o problema será ainda maior. Afirma que uma em cada cinco pessoas poderá desenvolver problemas psicológicos quando confrontado com situações de conflito. Um exemplo desse conflito é a discriminação sofrida por profissionais da área da saúde em alguns países. A OMS apela aos governos que façam por valorizar publicamente o trabalho que estes profissionais desempenham.

Os dados facultados pela OMS são dramáticos. No caso da China, aumentaram em 35% os sintomas de pânico e angústia. Já no caso do Irão aumentaram 60% e nos EUA 40%. Segundo um estudo do Canadá que a OMS cita, entre os profissionais da saúde, 47% admitiram precisar de apoio psicológico. Relativamente à China, 50% sofrem de depressão, 45% revelam ansiedade, enquanto que 34% declaram ter insónias.

A OMS recorda ainda a crise de 2008, em que o número de suicídios e abuso de substâncias ilícitas aumentou, afirmando que irá monitorizar esses números, ao passo que recomenda uma atenção especial para os grupos que poderão estar mais suscetíveis como os idosos, as famílias com filhos em casa e as pessoas com dificuldades cognitivas.

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