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O mundo viveu a maior manifestação de sempre pelo clima
Mobilização global. O nome do evento não traiu a dimensão que alcançou. Foram milhões de manifestantes em mais de 185 países a exigir ação urgente contra o aquecimento global.
A Cimeira do Clima da ONU, convocada por António Guterres, foi o pretexto para marcar uma semana intensa de protestos climáticos que culminará numa greve que, desta vez, já não é só estudantil. Vários sindicatos juntaram-se desta feita à convocatória e os trabalhadores de grandes empresas tecnológicas como a Amazon, a Google e o Facebook comprometeram-se também a participar no protesto.
Em Nova Iorque, a jovem sueca que começou uma solitária greve climática o ano passado, Greta Thunberg, desafiou os cerca de 250 mil manifestantes dizendo “juntos somos imparáveis”. Segundo os seus números, estiveram nas ruas do mundo inteiro mais de quatro milhões de pessoas.
Em Berlim, outro dos pontos fortes da mobilização, foram 270 mil. No total da Alemanha houve 500 concentrações e quase milhão e meio de pessoas que exigiam ao governo de Merkel que fizesse mais do que o tímido plano ambiental apresentado de véspera que prevê o fim da produção de carbono apenas 2038, tarde demais dizem.
Um pouco por toda a Europa os manifestantes pelo clima saíram às ruas. Em Helsínquia escolheu-se guarda onze minutos de silêncio, um por cada ano que falta para se poder controlar o aumento da temperatura segundo a ONU. Em França, o protesto arrastou-se para o fim de semana e os coletes amarelos juntaram-se. Talvez por isso a sua natureza tornou-se diferente tendo acabado por haver detenções de manifestantes que desobedeceram a ordens policiais.
Na América Latina, houve também diversas manifestações. Foram 65 marchas no México, 48 no Brasil, 43 na Colômbia, 19 no Chile, entre outras. Algumas preocupações específicas de cada país ocuparam lugar de destaque. No Brasil, a Amazónia foi lembrada. No México foi a questão da poluição, uma vez que o país tem das cidades mais poluídas do mundo. Também os investimentos petrolíferos apoiados pelo presidente foram visados. Na Argentina, houve a convocatória de 18 marchas mas o grosso do protesto será também no dia 27, durante a greve estudantil. Para além das questões climáticas, o país protesta contra o governo de Macri que desregulamentou a importação de lixo. Assim, o mote foi “não queremos ser o caixote do lixo do mundo.”
A especificidades locais das questões ambientais fizeram caminho também em África. Na África do Sul exigiu-se o fim de novas concessões mineiras. Em África, aconteceram ainda protestos significativos em Nairobi, Quénia, e Lagos, na Nigéria, onde se protestou contra os detritos enviados para estes países pelos mais ricos.
Na Austrália, cerca de 300 mil jovens em 100 cidades responderam a Mathias Cormann, ministro das Finanças, que se declarou no parlamento contrário ao protesto afirmando que “os estudantes devem ir à escola”.
Num dos pontos mais ameaçados atualmente pelas alterações climáticas, as ilhas do Pacífico, o protesto foi constituido por uma variedade de ações que incluiu debates, sessões de poesia e protestos silenciosos. Em Kiribati cantou-se: “não nos estamos a afundar, estamos a lutar.”
No Japão, Tóquio e Quioto foram lugares de protesto, com a energia nuclear em cima da mesa. E na capital da Índia foi também a poluição uma das questões abordadas, para além da pobreza, uma vez que as poluição e o aquecimento global atingem diferentes classes de forma diferente.
Até em Cabul, capital do Afeganistão, cem jovens desafiaram o perigo e saíram às ruas em manifestação.
Portugal: vigílias deram pontapé de saída
Em Portugal haverá ações durante toda a próxima semana que vão culminar na greve climática estudantil no dia 27. Assim, quer a marcha noturna de Lisboa, que foi do Príncipe Real até à Assembleia da República, terminando aí em vigília, quer a vigília no Porto em frente à Câmara Municipal foram “aperitivos” para o evento central. Prova da dimensão que pode atingir a greve climática, estes eventos mobilizaram já centenas de jovens.
Aliás, outros países, como a Espanha, escolheram o mesmo caminho de concentrar a mobilização na próxima sexta-feira e fazer ações mais simbólicas no arranque do evento. No Estado vizinho serão 179 cidades em que os estudantes farão greve.
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