O número de camas de hospitais do Serviço Nacional de Saúde ocupados por doentes com alta clínica que não têm para onde ir aumentou 8% entre 2024 e 2025. Segundo o Barómetro dos Internamentos Sociais, que retrata a situação dos hospitais no dia 19 de março, está no maior número de sempre: 2.342.
Com falta de respostas sociais de cuidado na velhice e em situações de dependência, os casos sociais nos hospitais são sobretudo homens e mulheres com mais de 65 anos dos serviços de Medicina Interna. Segundo o Barómetro, as 2.342 pessoas internadas (dados de 19 de março) esperavam em média há cinco meses por uma resposta social para saírem do hospital.
As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte são as que registam maior número destes internamentos, com cerca de 80% do total. Apesar disso, desde o ano passado, a quantidade de internamento de doentes com alta clínica que não têm para onde ir desceu 7% no Norte, mas aumentou 4% em Lisboa e Vale do Tejo.
A falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados é o motivo de 38% dos internamentos sociais, acompanhada da demora na resposta das Estruturas Residenciais para Idosos, que representa 29% dos internamentos sociais. A nível nacional, há 21 hospitais que estão a pagar 914 camas a instituições privadas e sociais para lá colocar utentes que não têm para onde ir.
Esses casos representam 11,7% do total de camas dos hospitais públicos, com um custo direto de 288 milhões de euros por ano. O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, que organizou o estudo em parceria com a EY Portugal, questiona se “não deveríamos usar este dinheiro para ajudar as pessoas a cuidar dos seus familiares?”.
As políticas de cuidado “levam muitos anos a construir”, mas Xavier Barreto quer que seja um tema central da campanha eleitoral. “Todos os anos se fala nisto e depois fica esquecido. Este debate tem estado completamente ausente”. O Bloco de Esquerda propõe a criação de um Serviço Nacional de Cuidados para combater a crise de cuidados que a sociedade portuguesa vive.