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Notre-Dame: o rescaldo depois da catástrofe

Bombeiros declararam esta manhã extinto o fogo na Notre-Dame de Paris. Há danos substanciais, com dois terços do telhado destruídos. Investigações concentram-se na tese de acidente relacionado com obras de renovação.
Aspeto do interior da catredral Notre-Dame, após o incêndio de 15 de abril. Foto Ian Langsdon/EPA.
Aspeto do interior da catredral Notre-Dame, após o incêndio de 15 de abril. Foto Ian Langsdon/EPA.

Passado o choque, o incêndio na catedral Notre-Dame de Paris entrou em fase de rescaldo. Numa conferência de imprensa em frente à catedral cerca da dez manhã (nove em Portugal), o porta-voz dos bombeiros Gabriel Plus declarou o fogo extinto. "Agora é a fase dos especialistas", acrescentou. Os bombeiros continuarão durante o dia a examinar as estruturas, apagar focos residuais de incêndio, e a ajudar a retirar obras de arte do local.

O fogo deflagrou ontem, segunda-feira, cerca das 18:45 locais (17:45 em Portugal), numa parte do telhado da catedral que estava rodeada de andaimes de obras de restauração, e espalhou-se “muito rapidamente por todo o telhado" numa área de mil metros quadrados, explicou o porta-voz dos bombeiros. Cerca de 15 minutos após o inicio das chamas, estas atingiram a torre em agulha de 93 metros situada no centro do telhado, que se desmoronou sobre ele cerca de uma hora depois, por volta das 19:50. Por volta das onze da noite, as autoridades informaram que o fogo tinha abrandado e que as estruturas para além do telhado estavam seguras.

Apesar da intervenção rápida de cerca de 500 bombeiros, que foram rendidos por outros 500 perto da meia-noite, os estragos são grandes. Dois terços do telhado da catedral desapareceram. O telhado era constituído por centenas de travessas de madeira de carvalho, algumas com oito séculos de idade. Algumas das travessas tinham um revestimento a chumbo, que ao derreter com as temperaturas representou um risco adicional para o trabalho dos bombeiros. A altura do edifício também dificultou o trabalho dos bombeiros, impedindo que escadas e mangueiras conseguissem chegar às chamas. Por outro lado, a hipótese lançar água por meios aéreos foi descartada, pois a força de uma descarga de água a baixa altitude poderia danificar ainda mais a estrutura da catedral.

Todos estes fatores se conjugaram para o incêndio atingir dimensões catastróficas. Não houve todavia mortes a lamentar, e a maior parte das obras de arte e outras relíquias foram salvas, estando de momento guardadas na câmara de Paris.

A procuradoria de Paris está a investigar o caso como um acidente. As obras de restauração em curso são para já a explicação mais plausível para a catástrofe, através de material elétrico que poderá ter falhado ou a presença de material inflamável. Técnicos e trabalhadores estão a ser inquiridos sobre as condições da obra, para apurar se terão contribuído para o incêndio.

As reações ao incêndio continuam a suceder-se. O Papa Francisco declarou no Twitter que "hoje unimo-nos em prece com o povo de França, e esperamos que a tristeza infligida pela destruição se transforme em esperança com a reconstrução". Às declarações de pesar e apoio de feitas desde ontem por governos de todo o mundo, somam-se hoje as do Japão, Coreia do Sul, Rússia e Áustria. Entretanto, os magnatas do setor do luxo Bernard Arnault (grupo LVMH) e François Henri-Pinault (grupo Artémis), duas das pessoas mais ricas de França e do mundo, anunciaram doações para a reconstrução num valor próximo de 300 milhões de euros.

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