Nas Ruas e nas Urnas: Contra o Racismo e a Xenofobia

23 de fevereiro 2024 - 14:52
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No próximo sábado saímos à rua para apelar ao voto contra o racismo e a xenofonia e exigir resposta às pessoas racializadas e migrantes que, há décadas, esperam pela verdadeira democracia igualitária que Abril prometeu. Por Lou Loução.

Fotos de Esquerda.net.

No dia 24 de fevereiro, saem à rua, em mais de cinco cidades do pais (Lisboa, Porto, Braga, Faro, Viseu, Coimbra e Guimarães), movimentos e associações anti-racistas pelo apelo ao voto contra o racismo e a xenofonia.

Numa altura em que o racismo, a xenofobia e a extrema-direita ganham terreno, não só em Portugal, como em toda a Europa e a nível mundial, é urgente sair à rua e mostrar a nossa força, para exigir propostas e ações significativas, concretas e eficazes para combater o racismo estrutural e institucional patente na sociedade portuguesa” afirma o grupo de Ação conjunta anti-racista que convoca a manifestação.

Mas por que o movimento antirracista sai à rua em época de eleições? Porque queremos ser não apenas centro da discussão, mas parte dela.

Em 50 anos de democracia portuguesa, pouques foram es deputades racializades que tomaram lugares no Parlamento e poucas foram as politicas aprovadas pelo combate ao racismo e por uma imigração que inclua pessoas racializadas.

As comunidades imigrantes e os diversos grupos étnicos não-brancos são hoje em dia uma das bases que alimenta o país. Sabemos bem, sem precisar de censos, quais as etnias da maioria das pessoas que apanham os primeiros e os últimos transportes do dia para limpar os escritórios, escolas, universidades, hóteis e as próprias cidades. Sabe-se bem quem tem os trabalhos precários da hotelaria e da agricultura selvagem nas estufas de Odemira. Estas pessoas são uma porção substancial da população de Portugal e, uma grande parte, possui nacionalidade.

Sabemos bem o quanto todes es imigrantes e pessoas racializadas foram desvalorizades durante séculos. O sistema está corrompido, viciado e esgotado há séculos para pessoas negras, ciganas e imigrantes. É praticamente impossível para uma pessoa racializada reverter a condição social da sua familia porque existe uma cultura de racismo estrutural que nos impede de aceder a lugares como um assento no Parlamento ou até mesmo uma vaga numa universidade pública. Quando alcançamos esses lugares, somos vítimas das mais brutais violências e julgamentos. Somos confrontades com a realidade que estes lugares não foram feitos para os podermos ocupar.

Exigimos que os partidos tomem não apenas medidas concretas para combater a precariedade na imigração, a xenofobia e o racismo, mas também uma mudança de paradigma. É tempo de avançar e incluir todes nesta discussão que é de todes.

É urgente descolonizar os curriculos e dar oportunidades, bolsas e acesso equitativo na escolaridade e profissionalização às crianças racializadas de classes baixas. É urgente criar quotas nas empresas (não apenas públicas, mas também nas privadas) no Parlamento e no acesso a cargos políticos e públicos. É urgente reativar o grupo de trabalho dos Censos sobre questões étnico-raciais, para que se possa praticar uma política social justa e real que corresponda à necessidade de todas as pessoas. É urgente reverter a politica de segregação dos bairros sociais e gararantir o maior e verdadeiro acesso a serviços públicos.

Combater o racismo, a xenofobia e o ódio da extrema-direita não passa apenas pela ilegalização e o combate confrontativo de proibição destas frentes, mas sim por dar resposta às pessoas racializadas e migrantes que, há decadas, esperam pela verdadeira democracia igualitária que Abril prometeu.